Há cerca de quatro anos, a gestora de recursos Mont Capital começou a estruturar um modelo de negócio B2B, com uma plataforma que permite que consultores e planejadores financeiros possam oferecer investimentos a seus clientes usando a infraestrutura tecnológica e regulatória da asset. Por causa de dificuldades de integração via APIs com as corretoras de valores, a solução ganhou corpo somente no ano passado e será lançada oficialmente ao mercado na próxima semana, durante um evento em Recife (PE).
“Desde então, estamos rodando de maneira ‘low profile’. Mapeamos mais de 6 mil potenciais parceiros, e hoje já temos mais de 250 conectados”, conta Anderson Luz, sócio-fundador e responsável pela expansão B2B da Mont Capital, em conversa com o Finsiders. “Permitimos que esses profissionais ofereçam soluções de investimento com XP, BTG, Órama, Genial, Ágora e Avenue. Estamos integrando também com Bradesco”, diz.
Atualmente com mais de R$ 1 bilhão sob gestão e 2,5 mil carteiras administradas, a Mont Capital espera mais do que dobrar esse volume sob seu guarda-chuva até o fim do ano que vem. A maior parte do crescimento, aliás, deve vir da expansão da solução para planejadores, acredita Anderson.
Dos atuais 250 profissionais conectados à plataforma, o executivo enxerga espaço para dobrar esse número até dezembro (sim, deste ano). “No ano que vem, acho possível chegarmos a 1,5 mil parceiros. Estamos preparados em termos de tecnologia.”
Internamente, a solução tem sido chamada de ‘asset as a service’. Na prática, trata-se de uma plataforma ‘white-label’ (com a marca do parceiro) em que os planejadores e consultores financeiros podem gerenciar sua carteira de clientes e visualizar as informações do portfólio, com a autorização prévia dada pelos investidores. “A gestão é 100% da Mont Capital”, afirma José Mauro Ferraz Andrade, sócio-gestor da asset.
Próximos passos
Conforme os executivos, o modelo resolve uma dor dos planejadores financeiros quando chega o momento de os clientes terem uma carteira de investimentos, por exemplo. “É comum o planejador financeiro terceirizar o trabalho de investimento para um agente autônomo, que está conectado a uma corretora”, diz Anderson. “No nosso caso, somos uma plataforma aberta com diversas corretoras e operamos no modelo ‘fee based’.”
Como próximos passos, ele diz que a Mont Capital está desenvolvendo novas soluções e ferramentas para os planejadores e consultores financeiros. “Hoje, esses profissionais dependem muito de planilhas para fazer cálculos de fluxo de caixa e aposentadoria dos clientes pessoas físicas. A ideia é trazer soluções que resolvam isso dentro da plataforma”, cita Anderson.
Outra evolução do serviço é agregar novas linhas de negócios, como crédito e seguros, por meio de parceiros. “São duas verticais que imaginamos abrir, respeitando toda a estrutura regulatória”, afirma o executivo.
Mercado
Com a ampliação do número de investidores no país e o avanço dos planejadores financeiros, nos últimos anos surgiram algumas fintechs dedicadas ao segmento. Ao mesmo tempo, plataformas de investimento abriram novas linhas de negócio dedicadas a atender esse perfil de profissional.
O Vista, por exemplo, desenvolveu uma plataforma para planejadores financeiros e recebeu, há um ano, um aporte dos fundos de venture capital Sai do Papel e Bossanova Investimentos, além do Grupo Primo, do influenciador Thiago Nigro. Já a Fiduc, fundada em 2018, opera como gestora de recursos, aposta no modelo fiduciário e tem uma rede com centenas de planejadores financeiros.
Desde outubro de 2019, a corretora e gestora de patrimônio Warren também tem uma vertical B2B. Voltada para consultores de investimentos, gestores de patrimônio e planejadores financeiros, a Warren Pro soma mais de 150 parceiros, que atendem mais de 15 mil investidores, de acordo com informações do seu site. Em 2022, o volume sob gestão desta vertical passou de R$ 3 bilhões, contra R$ 1,2 bilhão no ano anterior.
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