PREVENÇÃO A FRAUDES

Compra da ClearSale é o 14º negócio da Serasa em quatro anos

Aquisição da empresa de soluções antifraude por cerca de R$ 2 bilhões é a terceira feita pela Serasa nesse segmento; CEO prevê novos negócios

Escritório da ClearSale
Escritório da ClearSale | Imagem: Divulgação

O namoro virou casamento. A Serasa Experian anunciou nesta sexta-feira (4/10) a compra da ClearSale, empresa de soluções antifraude, por cerca de R$ 2 bilhões. Pelo acordo, a companhia pagará R$ 10,56 por ação, o equivalente a um prêmio de 23,5% em relação ao fechamento da ação ontem (3/10).

Com a transação, que depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a ClearSale deixará a Bolsa pouco mais de três anos depois do IPO – quando era avaliada em R$ 4,7 bilhões.

A compra da ClearSale, que vinha sendo ventilada pelo mercado há meses, é o 14º negócio feito pela Serasa desde 2021. De lá pra cá, a empresa tem conduzido uma intensa agenda de M&A e investimentos em startups, com destaque para fintechs. Além da ClearSale, outras duas startups de prevenção a fraudes foram adquiridas: BRScan (2021) e AllowMe (2023).

Em entrevista exclusiva ao Finsiders Brasil há menos de um mês, o CEO Valdemir Bertolo revelou que um novo negócio era iminente. “Estamos atentos a vários setores, principalmente soluções de prevenção à fraude e que aumentam o engajamento do consumidor”, afirmou o executivo na ocasião.

De acordo com ele, a aquisição da ClearSale permitirá oferecer uma solução mais “robusta” de prevenção à fraude na jornada do consumidor. Isso inclui todas as etapas, indo desde o onboarding, passando pela autenticação, até a transação final, disse o CEO, em nota à imprensa. “Nossas soluções estarão mais fortalecidas para proteger consumidores de tentativas de fraude, garantindo que suas identidades e dados pessoais estejam seguros.”

Acordo

Conforme o negócio, os acionistas da ClearSale terão três opções de receber o pagamento. A primeira alternativa é em dinheiro, num valor de R$ 10,56 por ação. A segunda é receber o equivalente a R$ 10,56/ação em Brazilian Depositary Receipts (BDRs) da Experian, controladora da Serasa no Brasil. Há, ainda, a opção que combina pagamento à vista de R$ 10,03 por ação, mais R$ 0,53/ação integralizada em BDRs da Experian e outros R$ 1,25/ação, corrigido pelo CDI, após cinco anos, desde que determinadas condições sejam cumpridas.

Além disso, o fundador da ClearSale, Pedro Chiamulera, assinou um contrato de “não-concorrência” com a Serasa Experian. Pelo acordo de R$ 100 milhões, com prazo de cinco anos, o executivo não poderá exercer atividades que concorram com as atuais atividades desenvolvidas pela Serasa, tampouco poderá aliciar clientes e funcionários da empresa. Outra obrigação é prestar serviços de consultoria estratégica no setor antifraude e assessoria na integração entre os negócios.

Fundada em 1996, a ClearSale atua com antifraude em setores como e-commerce, mercado financeiro, venda direta, telecomunicações e seguros. A empresa contabiliza cerca de 7,2 mil clientes em 170 países. No segundo trimestre de 2024, teve receita líquida de R$ 118,9 milhões, redução de 6,1% na comparação anual. No período, a companhia apurou prejuízo de R$ 10,8 milhões, quase cinco vezes maior do que um ano antes.

Do arquivo Finsiders Brasil:

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