A Noh, fintech de carteira digital e cartão compartilhado, acaba de anunciar um reposicionamento e, assim, uma nova versão do seu aplicativo. A partir de hoje (21), o app terá como foco as finanças de casais e oferecerá um saldo unificado para facilitar ainda mais a vida das duplas. Até então, a solução operava com saldos individuais e permitia criar diversos grupos com até 25 pessoas.
Em nota, Ana Zucato, CEO e cofundadora da Noh, diz que a fintech escutou mais de 50 casais, assim como criou uma comunidade com 150 representantes de duplas para ajudar a construir o novo app. “Somos a solução para quem não quer fazer ‘gambiarra’ na hora de pagar as contas do mês”, define.
A escolha por focar num só público ocorre meses depois que a empresa notou uma queda de 40% na sua receita. A Noh foi afetada pelas novas regras da tarifa de intercâmbio nos cartões pré-pagos. A medida, que passou a valer em abril, limitou a 0,7% essa tarifa — remuneração paga aos emissores de cartões —, o que fez muitas fintechs reverem seus modelos de negócios. A Noh, inclusive.
Nova receita
A partir de agora, a carteira digital passa a cobrar uma mensalidade de R$ 14 (R$ 7 por pessoa), em vez de oferecer gratuidade. “Temos como objetivo que a nossa fonte de receita seja advinda do aplicativo e cartão que criamos”, diz Ana. Em meados de abril, a fintech chegou a experimentar um modelo de apoio, por meio do qual os usuários contribuíam a cada Pix realizado ou boleto pago. A iniciativa foi chamada pela empresa de programa “Tamo junto”.
Já para poder relançar o aplicativo — que será disponibilizado a partir do meio-dia de hoje –, foi necessário suspender temporariamente a entrada de novos clientes. A lista de espera, segundo a Noh, possui mais de 10 mil pessoas. A fintech diz ter mais de 200 mil downloads do app. Em agosto, ultrapassou R$ 38 milhões transacionados desde o lançamento, em 2021.
“O mais importante para nós não é crescer desenfreadamente, mas conseguir atender os casais da melhor forma possível para que eles não apenas baixem o aplicativo, mas continuem com a gente por enxergarem o quanto é simples fazer um Noh no dia a dia”, afirma Ana.
Dinheiro em caixa
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, a empreendedora diz que a fintech tem “quase dois anos de dinheiro em caixa”. A primeira e única captação feita pela empresa foi há cerca de dois anos, quando recebeu US$ 3 milhões (cerca de R$ 17 milhões, no câmbio da época) em rodada liderada pelo Kindred Ventures, que já investiu em empresas como Uber e Coinbase.
Em meio à crise que assola o ecossistema de startups, a fundadora da fintech disse ao Valor, ainda, que a empresa não demitiu ninguém. Segundo ela, a equipe atual tem 12 funcionários. Em agosto do ano passado, quando falou ao Finsiders, eram 17 pessoas. Uma das saídas recentes foi do cofundador, Felipe Cabral, que deixou a Noh para trabalhar na healthtech Alice.
Contexto
O relançamento do app da Noh acontece quase um mês depois que a fintech Cumbuca, também de despesas compartilhadas, anunciou ter recebido um aporte de R$ 15 milhões. Conforme contou o fundador e CEO Daniel Ruhman ao Finsiders, o plano é lançar um cartão até o fim do ano e implementar a iniciação de transação de pagamento (ITP) no primeiro trimestre de 2024.
No mundo, há diversos exemplos de fintechs que apostam no conceito de finanças compartilhadas. Entre elas, estão a norte-americana Braid e a mexicana MoneyPool.
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