As startups do segmento financeiro, fintechs e insurtechs, foram responsáveis por 28% dos investimentos realizados no último trimestre do ano passado pelos fundos de Venture Capital (VC), que somaram R$ 13 bilhões no período. É o que mostra pesquisa realizada pela KPMG e a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).
As retailtechs, startups do setor de varejo, receberam 20% dos aportes feitos por estes fundos no quarto trimestre, seguido pelas healthtechs, do setor de saúde, com participação de 8% do total.
De acordo com a pesquisa, na comparação com os últimos três meses de 2020, os desembolsos gerais de VCs quase triplicaram (261%).
Ao longo de 2021, as startups impulsionaram os investimentos dos VCs, os quais atingiram a marca histórica de R$ 46,5 bilhões no ano passado. Este é o quarto ano consecutivo em que a cifra bate recorde. O resultado foi ainda quase 3x maior do que o registrado em 2020, quando somou R$ 14,6 bilhões.
Em nota, Piero Minardi, presidente da ABVCAP, afirma que os VCs têm se destacado diante da onda de inovação de uma geração, que, na visão dele, é mais empreendedora da nossa história.
“As ‘techs’ vieram para ficar, trazendo soluções digitais nos mais diversos mercados e vão continuar atraindo grandes volumes de investimentos”, prevê Piero.
Já os investimentos dos fundos de Private Equity (PE) caíram 19% para R$ 7,3 bilhões em 2021, ante 2020. A queda, segundo a associação, reflete a desaceleração econômica do país, uma vez que os fundos de PE tipicamente investem em empresas maiores e com desempenho mais atrelado à saúde da economia.
No último trimestre, essa indústria desembolsou R$ 2,8 bilhões, também uma ligeira queda em relação na comparação com um ano antes (quando foram registrados R$ 2,9 bilhões).
Na mesma nota, Roberto Haddad, sócio-líder de Private Equity e Venture Capital da KPMG no Brasil, afirma que, apesar deste resultado de PE, percebe-se “muita” movimentação recente e uma tendência para novos investimentos, especialmente ligados a empresas ou ativos atentos às práticas de ESG.
“Os fundos e gestores de Private Equity e Venture capital têm sido motores relevantes – talvez os maiores protagonistas – dos investimentos e do desenvolvimento das empresas no Brasil”, diz Roberto.
Juntos, PEs e VCs aportaram R$ 53,8 bilhões em empresas brasileiras em 2021, número 128% maior que os R$ 23,6 bilhões investidos em 2020.
Confirmação e tendência
Outros estudos apresentados neste início de ano colaboram com a visão de que empresas de tecnologia de serviços financeiros, principalmente as fintechs, são as apostas de investidores no Brasil.
Tanto o relatório produzido pela Sling Hub — divulgado esta semana – e da Distrito – no início do ano – mostraram que os investimentos em fintechs dobraram em 2021 contra 2020, com algo próximo a US$ 3,8 bilhões de aportes. Essa cifra representou quase 40% do total investido em startups brasileiras.
A tendência de cheques com grandes valores deve se manter em 2022, principalmente entre as empresas com estágios mais avançados.
Ao Finsiders, João Gabriel Chebante, especialista em corporate venture do Grupo FCamara, consultoria de soluções tecnológicas e transformação digital, explica que as cifras para early-stage podem até ser menores neste ano. Mas os investidores irão continuar a focar em startups que estejam mostrando um “destravamento de valor”. Tanto que a própria venture builder do grupo, Orange Ventures, irá apostar em fintechs neste ano.
Por outro lado, ele espera que o grande destaque em investimentos seja o corporate venture capital (CVC) — como já vem despontando principalmente no último ano –, seguido por fusões e aquisições (M&A). Ambos são demonstrações de uma maturidade do segmento e dos próprios investidores brasileiros.
Leia também
Fintechs e as tendências de investimento para este ano
As ‘big ideas’ para fintechs em 2022, na visão da a16z
Das top 250 fintechs da CB Insights, treze são latinas e seis, brasileiras