Mutual vende fatia na Combate à Fraude para investidores estrangeiros

Mutual vende fatia na Combate à Fraude para investidores estrangeiros

A Mutual, fintech de P2P lending, acaba de concluir a venda do equivalente a R$ 22 milhões em ações da subsidiária Combate à Fraude para um grupo de empreendedores estrangeiros. A operação representa uma saída parcial da startup — a Mutual continua com uma fatia de 25% na subsidiária.

O valor total da transação com a entrada dos empreendedores somou cerca de R$ 40 milhões, englobando também aumento de capital. Em breve, a empresa desenvolvedora de soluções antifraude fará um novo aumento de capital, conta ao Finsiders o presidente do conselho e co-CEO da Mutual, Marciliano Freitas. O valor ainda não está definido, mas já há alguns fundos conhecidos (de nomes não revelados) já demonstraram interesse em participar da transação.

Ele explica que o grupo de empreendedores, que já tinha atuação no segmento de soluções antifraude e tratamentos de dados na Europa, conheceu a Combate à Fraude e pediram para juntar esforços e ‘foi um casamento feliz’.

“É um grupo que vem somar ‘track record’ e que vai ajudar na internacionalização da empresa. Essa companhia vai crescer muito e já é uma queridinha do mercado antifraude do Brasil”, diz ele, ao Finsiders.

Com a entrada dos novos parceiros, Darryl Green assume como CEO na Combate à Fraude. Ele foi empreendedor da Etocha Limited, empresa de tratamento de dados e antifraude vendida para a Mastercard em 2019.

A Combate à Fraude, criada há cerca de três anos, nasceu após a Mutual identificar a ausência de uma esteira antifraude voltada para instituições financeiras. “Começamos do zero uma empresa voltada para soluções antifraudes e, para nossa surpresa, várias fintechs quiseram comprar o produto, percebemos uma oportunidade no mercado e começamos a separar a empresa”, explica Freitas.

Novos negócios

Além da participação na empresa antifraude, a Mutual tem investido em outras duas frentes de negócios, uma voltada para produtos de crédito levando em consideração questões ESG — um negócio que, no futuro, pode ser uma empresa separada. A outra é a plataforma Scora, que ajuda o consumidor a trocar financiamentos por opções mais baratas ou adequadas a realidade do consumidor. A Scora será lançada oficialmente em agosto, com a entrada da segunda fase do Open Banking.

A partir do preenchimento de um simples cadastro, a Scora busca as melhores opções para o cliente e, caso ele decida trocar a dívida, todo o processo é feito pela empresa, sem o cliente precisar acessar o seu banco. Outro ponto importante é que não há limite para fazer consultas, ou seja, o cliente faz uma consulta hoje e se quiser fazer uma nova na próxima semana, não há nenhum problema.

No entanto, o executivo observa que, de uma semana para outra, pode não haver mudanças relevantes nas propostas de financiamento imobiliário, por exemplo, mas é importante renovar a autorização e buscar novas opções de tempos em tempos. A expectativa é de que o cliente consiga uma redução na parcela da sua dívida de até 30%. Neste primeiro momento, a consulta está disponível para troca de financiamento imobiliário e de automóveis, mas a ideia é que atenda a vários produtos de crédito.

O produto, que começou a ser idealizado com o surgimento do Open Banking, só estará 100% em funcionamento quando o sistema do Banco Central (BC) entrar em operação. Por enquanto, não é possível acessar as informações completas e a capacidade para avaliação é limitada, por isso, quem se cadastrar no site antes do lançamento do produto, que acontecerá quando entrar a segunda fase do Open Banking, terá prioridade na consulta.

De acordo com Freitas, o Scora é 100% da Mutual, mas a empresa foi constituída como uma empresa separada, com um novo CNPJ. Até agora, o investimento foi apenas orgânico (salários e tecnologias). O head do Scora é Paulo Barreiros, ex-JP Morgan e BTG, entre outras empresas. A meta é originar entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões em dívidas com condições melhores para os usuários nos próximos 12 meses.

A aposta em novos negócios não significa para a Mutual abandonar o P2P, sua origem. Nos últimos dois anos, a fintech originou R$ 50 milhões em empréstimo P2P, com mais de 10 mil operações. Para os próximos 12 a 18 meses, a expectativa é atingir um volume de mais de R$ 300 milhões em empréstimos.

*Alessandra Taraborelli é jornalista especializada em finanças e colaboradora freelance do Finsiders.