Nubank pede licença bancária no México, dois anos após comprar fintech local

Desde a sua chegada no país, em maio de 2019, o banco digital afirma ter investido valores superiores a US$ 1,3 bilhão na operação

O Nubank segue fazendo movimentos para além das fronteiras brasileiras. No México, o banco digital acaba de anunciar que pediu uma licença bancária junto ao regulador local, a Comissão Nacional Bancária e de Valores Mobiliários (CNBV). O país é o segundo maior mercado da fintech, atrás do Brasil.

Conforme a companhia, o objetivo é ter uma estrutura regulatória mais ampla que permitirá ao Nu México, subsidiária da empresa no país, avançar em novos produtos por lá. Isso inclui investimentos, portabilidade de salário, e limites de depósito mais elevados, por exemplo. 

Na prática, a intenção do Nubank no país é evoluir sua Sociedad Financiera Popular (Sofipo) para uma licença bancária. Há pouco mais de dois anos, o neobank comprou a fintech local Akala, que já era autorizada como Sofipo. Segundo Cristina Junqueira, cofundadora e Chief Growth Officer (CGO) do Nubank, a licença bancária é a “opção certa” para os planos de longo prazo da companhia.

“Tem sido notável ver nossos clientes mexicanos nos pedindo para levar a experiência Nu além do crédito e da poupança, entrando em novos setores e segmentos. Nossa estratégia é focada em atender às necessidades deles”, afirmou a executiva, em comunicado. 

Desde a sua chegada no país mexicano, em 2019, a fintech afirma ter investido mais de US$ 1,3 bilhão. Por lá, a empresa atingiu um nível de capitalização de cerca de 500%, patamar quatro vezes acima do exigido para Sofipos. “Sob a regulamentação bancária tradicional, a taxa atual de capitalização (ICAP) do Nu atingiria perto de 40%, quatro vezes o requisito regulamentar (10,5%) e duas vezes a média do setor (19%)”, destacou o Nubank.

Aumento do portfólio

Em termos gerais, diz a empresa, a licença bancária no México permite que as instituições ofereçam vários tipos de investimentos, incluindo ações na bolsa mexicana, portabilidade de salário, empréstimos para automóveis e hipotecas de alto valor, assim como produtos voltados para pequenas e médias empresas (PMEs) e acesso a um nível mais elevado do seguro IPAB, que protege os depósitos dos clientes.

Um dos principais emissores de cartões de crédito no país, o Nu México divulgou no mês passado sua entrada em crédito pessoal. Hoje, a instituição possui mais de 3,2 milhões de clientes que usam o seu cartão de crédito no país. Além disso, mais de 1 milhão utilizam a conta poupança e o cartão de débito.  Em agosto, inclusive, o banco digital também inaugurou um novo escritório na Cidade do México.

“Ao transformar nossa atual licença Sofipo em uma licença bancária, seremos capazes de garantir uma figura regulatória ainda mais ampla e robusta que vai nos permitir continuar libertando cada vez mais mexicanos da complexidade característica das instituições incumbentes”, comentou Iván Canales, líder das operações do Nu no México.

Contexto

No Brasil, o Nubank opera por meio de um conglomerado autorizado pelo Banco Central (BC) para atuar como instituição de pagamento (IP) e instituição financeira. Já na Colômbia, onde atualmente oferece apenas cartões de crédito, atua como corporação. Está, ainda, em processo junto à Superintendência Financeira da Colômbia (SFC) para obter a licença de empresa financeira.

Dessa forma, poderá lançar produtos para guardar e gerenciar dinheiro, entre outros. Ao todo, o banco digital soma 85 milhões de clientes nos três mercados onde atua — no Brasil, são mais de 80 milhões. No segundo trimestre deste ano, o Nubank atingiu lucro líquido recorde de US$ 225 milhões, alta de 53% em relação a igual período do último ano.

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