"No early-stage não falta dinheiro", dizem líderes da Kadmotek

O portfólio atual do micro VC tem seis empresas, e a mais recente é a fintech de cripto Quadra, fundada por brasileiros no Reino Unido

Em meio ao “inverno” das startups, a Kadmotek Venture enxerga um mercado com muitas oportunidades, em especial para negócios que combinam tecnologia e serviços financeiros. E isso não significa ser necessariamente uma fintech, mas integrar soluções financeiras em uma jornada de consumo, para tornar a experiência mais simples, fluida, barata e conveniente. 

Fundada em 2018, a Kadmotek se define como um micro venture capital (VC) que investe no estágio pré-seed, em negócios que operam no modelo B2B. Seu foco são fintechs ou startups que porventura tenham alguma penetração na indústria financeira, independentemente da vertical de atuação — healthtech, lawtech, proptech etc.

A iniciativa reúne mais de 10 executivos oriundos dos setores financeiro e de tecnologia, entre eles, Gilberto Albuquerque (ex-Função Sistemas), Ana Paula Avanci (ex-Deloitte), Carlos Augusto de Oliveira (ex-CIO do Banco Original) e Carlos Akira Sato (ex-diretor do BTG Pactual). 

“O mercado ainda tem muita oportunidade para micro investimentos. Isso significa poder ajudar bons empreendedores, com boas ideias e capacidade de execução e entrega. Para o early-stage, não falta dinheiro. O que falta é identificar uma boa oportunidade que possa ser alavancada”, aponta Carlos Augusto de Oliveira, membro do comitê de investimento da Kadmotek, em conversa com o Finsiders

“Smart money”

Segundo Gilberto Albuquerque, CEO e fundador da Kadmotek, um dos principais diferenciais do modelo é a interação frequente com os empreendedores. “Nós gostamos de participar e contribuir, de alguma maneira, com as startups”, afirma. Esse “smart money” vai desde viabilizar contatos e conexões até ajudar na busca por executivos que serão importantes para o crescimento do negócio. 

Desde o início da Kadmotek, que coincide com as primeiras “andanças” de Gilberto no mundo do investimento-anjo, já foram assinados sete cheques. Um dos primeiros deles, a fintech de crédito consignado Consiga+, rendeu um ‘exit’ bem-sucedido quando o banco digital Neon comprou o negócio, em novembro de 2020. “Fizemos um múltiplo de 12x”, conta Gilberto.

Carlos Augusto de Oliveira e Gilberto Albuquerque, da Kadmotek Venture. Fotos: Divulgação
Carlos Augusto de Oliveira e Gilberto Albuquerque, da Kadmotek Venture. Fotos: Divulgação

O portfólio atual tem seis empresas. A mais recente delas é a fintech de cripto Quadra, fundada por brasileiros no Reino Unido. No mês passado, a Kadmotek investiu US$ 500 mil na startup, liderando uma rodada de US$ 1 milhão, que contou também com aporte de um grupo de anjos. Sediada em Londres, a Quadra oferece uma plataforma para investidores institucionais, “one-stop-shop”, que inclui recursos de gerenciamento de portfólio, riscos, garantias e execução das operações. 

“O potencial do negócio deles é gigante.  À medida que as tesourarias dos bancos e corretoras operam cripto para clientes e para suas próprias carteiras, essa plataforma ajuda a tesouraria dessas instituições a fazer a gestão desse portfólio, avaliar o risco e controlar essas posições, maximizando bem o custo. É como se fosse uma ‘Bloomberg’ para o mercado cripto”, diz Carlos Augusto. 

Portfólio

A Quadra foi o segundo aporte internacional feito pela Kadmotek, e novamente em uma startup criada em terras gringas, mas com fundador brazuca. No segundo semestre do ano passado, o micro VC participou da captação de US$ 2,3 milhões (R$ 12 milhões, no câmbio da época) da também fintech Flourish FI, que tem a norte-americana Jessica Eting e o brasileiro Pedro Moura como fundadores. 

O portfólio da Kadmotek inclui, ainda, Suprevida (marketplace de saúde), Cadê Guincho (guincho 24h), Beelegal (tecnologia para compliance LGPD) e Arturos (gestão empresarial). 

Segundo os líderes do micro VC, o comitê de investimento analisa quatro ou cinco oportunidades por mês. “Não tem uma regra rígida. Discutimos em conjunto e tomamos decisão se vamos entrar ou não, e quem vai participar da rodada”, explica Carlos Augusto. Normalmente, quando o “chapéu” passa, cada investidor aporta até US$ 100 mil. 

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