SoFi compra Technisys para avançar na estratégia de 'AWS das fintechs'

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Com empresas de diversos setores se tornando fintechs ou criando braços de serviços financeiros em plataformas digitais, é natural que as plataformas de banking as a service (BaaS) e infraestrutura financeira e bancária ganhem força.

É, de fato, um movimento global. A notícia mais recente veio nesta terça-feira (22). A norte-americana SoFi, de digital personal finance, anunciou a compra da argentina Technisys, plataforma digital de core banking em nuvem.

A operação, que deve ser concluída no segundo trimestre deste ano, é avaliada em US$ 1,1 bilhão. Pelo acordo, os acionistas da Technisys receberão aproximadamente 84 milhões de ações ordinárias da SoFi, menos de 10% do total de ações diluídas da empresa em 30 de setembro de 2021.

A aquisição reforça a estratégia da SoFi como uma plataforma ‘one-stop-shop’ de serviços financeiros, sendo uma espécie de AWS (a divisão de computação em nuvem da Amazon) para fintechs e demais players do setor.

Em comunicado, a SoFi diz que a compra da Technisys vai adicionar uma receita estimada acumulada entre US$ 500 milhões e US$ 800 milhões, até o fim de 2025, “com altas margens incrementais”.

A Technisys está a caminho de entregar aproximadamente US$ 70 milhões em receita para o ano de 2021 em uma base IFRS não auditada.

A SoFi aponta, ainda, que a integração vertical com a Galileo — comprada em 2020 — criará uma economia de custos de aproximadamente US$ 75 milhões a US$ 85 milhões, no acumulado entre 2023 e 2025, de algo como US$ 60 milhões a US$ 70 milhões anualmente, a partir de então.

“Juntas, as empresas poderão atender melhor as fintechs de consumo e os parceiros corporativos da Galileo”, diz o comunicado. Hoje, a Galileo tem 89 milhões de contas de clientes habilitadas e processa anualmente US$ 100 bilhões.

A Technisys, por sua vez, está presente em 16 países e fornece serviços de core banking para mais de 60 clientes, incluindo fintechs, bancos digitais e empresas não financeiras nos Estados Unidos e em países da América Latina, inclusive Brasil. Uma oportunidade e tanto para a expansão da SoFi.

Aqui, entre os clientes estão o Banco Original e o Banese (Banco do Estado do Sergipe), conforme informações disponíveis em seu site.

Desde que foi fundada, em 1999, a Technisys atraiu investidores como Riverwood Capital, Kaszek, Endeavor Catalyst, além da brasileira Oria Capital. Sua última captação ocorreu em 2019, quando levantou US$ 50 milhões.

Após o fechamento da operação, a Technisys passará a atuar como subsidiária independente da SoFi, fazendo parte da oferta da plataforma de tecnologia. Miguel Santos seguirá como CEO da Technisys.

“A Technisys construiu um negócio atraente e de rápido crescimento com uma tecnologia estratégica única e crítica que todas as principais empresas de serviços financeiros precisarão para acompanhar a inovação digital”, disse Anthony Noto, CEO da SoFi, no comunicado.

Miguel Santos, CEO da Technisys, complementa: “Estamos confiantes de que, juntos, podemos oferecer a melhor experiência financeira da categoria para players de serviços financeiros tradicionais e não tradicionais em uma velocidade maior do que nunca.”

Mercado

A operação entre SoFi e Technisys só reforça o aquecimento do mercado de infraestrutura em serviços financeiros. A techfin brasileira Pismo, por exemplo, atraiu nomes como Amazon, SoftBank e B3 em uma captação de US$ 108 milhões, em outubro do ano passado.

A Dimensa, joint-venture criada pela Totvs e B3, já fez duas aquisições (Mobile2you e InovaMind Tech) e não deve parar por aí. A Sinqia, também provedora de tecnologia para o setor financeiro, já fez 23 aquisições, além de mais de 40 investimentos.

Com uma plataforma de core banking toda em nuvem, baseada no conceito de ‘composable banking’, a alemã Mambu está presente em 60 países, chegou efetivamente ao Brasil no ano passado e multiplicou o pipeline potencial de negócios em 15 vezes, disse o country manager no Brasil, Sergio Costantini, em conversa recente com o Finsiders.

“Este ano estamos focados em geração de receita. Neste primeiro trimestre, a Mambu Brasil deve chegar ao primeiro lugar da Mambu como um todo”, comentou, sem abrir detalhes sobre a operação local, como faturamento ou carteira de clientes.

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