Enquanto muitos fundos de Venture Capital apostam em portfólios amplos e alta diversificação para compensar eventuais fracassos – o famoso spray and pray -, outros seguem caminho oposto. Este é o caso da Hiker Ventures. Fundada por Guilherme Chernicharo, Rodrigo Moreira e a butique de M&A Araújo Fontes (que por sua vez tem o Bmg como sócio), a gestora atua de uma forma diferente.
“Somos um venture capital com cabeça de Private Equity“, diz Guilherme. O foco é em empresas que já validaram seu produto, a postura é de sócio operacional, e a estratégia é clara: investir menos, mas com mais presença. “Nosso objetivo é ter mortalidade zero”, resume. Com sete investidas no seu primeiro fundo, o Chronos, e planos de abrir um segundo fundo em 2026, a Hiker busca ser a “picareta na corrida do ouro”. Ou seja, apostar em soluções que aumentem a produtividade e a eficiência operacional de empresas B2B, especialmente para áreas como RH e CFOs.
Intervenções táticas
Segundo Guilherme, cada investida conta com apoio direto da equipe da Hiker — desde reuniões frequentes com os fundadores até intervenções táticas em áreas como finanças, marketing, gestão de pessoas e produto. O sócio conta que já estruturou times, ofereceu CFO (diretor financeiro) as a service, redesenhou projeções financeiras, ajudou a encontrar talentos técnicos e trouxe especialistas de mercado para dentro das operações. Há um advisor fixo só para IA, por exemplo, que chegou a montar o time de dados de uma investida. “Tem empresa que não tem como contratar um sênior de mercado. A gente resolve isso junto”, diz.C
A gestora valoriza uma atuação intensa junto aos empreendedores, sabendo que a jornada deles é cheia de dificuldades. Guilherme diz que prefere saber dos problemas a receber relatórios bonitos. A combinação de um fundo enxuto com alta presença nas investidas é, segundo Guilherme, um diferencial da Hiker. “Fundo pequeno permite presença. E presença gera resultado”, resume. No entanto, Guilherme diz que o fundo participa das decisões estratégicas, mas sem paralisar a operação. “A gente quer apoiar sem travar. Governança demais também atrapalha. Por isso, tudo é calibrado caso a caso, conforme o grau de maturidade da startup”.
Fintechs
A Hiker tem no total R$ 28 milhões investidos em sete startups, e um patrimônio de cerca de R$ 50 milhões já captados e disponíveis. Sobre as fintechs no portfólio, Guilherme conta que a primeira investida do portfólio foi a Greg, em agosto de 2023, uma startup de meios de pagamento, cujo diferencial é oferecer split financeiro e fiscal. Nela, o fundo da Hiker aportou R$ 2 milhões. A empresa começou como uma multiadquirente, compatível com qualquer maquininha de grandes adquirentes, e atualmente também atua como subadquirente. Hoje, a Greg já vem recebendo propostas de aquisição e a decisão está nas mãos dos empreendedores. Ele destacou que a Hiker não vê isso com maus olhos, ao contrário – outra diferença deles em relação aos VCs convencionais.
A segunda fintech é a MT Bank, fundada há menos de um ano. O aporte de R$ 5 milhões foi anunciado em março, cerca de 30 dias após sua criação. A empresa é liderada por dois empreendedores com experiência anterior em instituições como Stone, Bmg e Inter. A MT Bank desenvolve um software de adquirência robusto, com foco em PMEs do interior, e aposta numa estratégia de go-to-market menos concorrida. A sede da MT Bank é em Alphaville (SP) e a Greg é de Belo Horizonte.