INVESTIDORES

Verve Capital prevê concluir captação do segundo fundo ainda neste ano

Com 27 startups no portfólio, empresa já investiu em fintechs como Cumbuca, Malga e Pluggy e segue de olho em oportunidades no setor

Gabriel Farme e Marcelo Franco/Verve Capital - Imagem: Divulgação
Gabriel Farme e Marcelo Franco/Verve Capital - Imagem: Divulgação

Em agosto de 2023, a Verve Capital, que investe em startups em estágio inicial no Brasil e em outros países da América Latina, começou a levantar seu segundo fundo, com intenção de atrair US$ 10 milhões. Com o primeiro closing feito no mês passado, a empresa de venture capital está próxima de 60% do capital planejado e já está fazendo investimentos. O plano é concluir a captação ainda neste ano. 

“É um fundo que já captou quase US$ 6 milhões. Agora estamos com boas conversas para o final closing com institucionais, como family offices e fundos de fundos. A expectativa é ter o fundo todo captado nos próximos seis meses. Estamos confiantes”, revela Marcelo Franco, sócio da Verve Capital, ao Finsiders Brasil

De acordo com ele, o novo fundo terá quatro anos e a ideia é investir em 20 a 25 empresas. O foco são startups brasileiras no early-stage, mas a Verve também analisa oportunidades em outras nações na América Latina. Os cheques variam entre US$ 200 mil e US$ 500 mil. “Somos um micro VC especialista em pré-seed e seed”, define o também sócio, Gabriel Farme. 

Primeiro cheque institucional

Segundo a dupla, a especialização nas “dores do começo” é o que diferencia a Verve Capital de outros VCs. O objetivo é ser o primeiro aporte institucional das startups, podendo inclusive participar daquela primeira captação com family and friends e investidores-anjos. “Não olhamos para ter assento em board ou liderar rodada, por exemplo. Queremos validar o produto e os empreendedores para que outros fundos maiores entrem depois”, diz Marcelo.

Foi com essa “verve” que a empresa montou o primeiro fundo, de US$ 5 milhões, cujos aportes foram concluídos em 2022. Nesse veículo inaugural, Marcelo foi o único LP (limited partner). No total, o portfólio reúne 27 startups, incluindo fintechs como Cumbuca (de conta compartilhada), Malga (infraestrutura de pagamentos) e Pluggy (soluções de Open Finance). 

Além disso, no último ano, a Verve estruturou três club deals, que somaram cerca de US$ 1 milhão. Foi a saída encontrada pela empresa para se manter ativa, rodando o pipeline, num cenário adverso para investimentos em startups. Com o aumento da demanda dos investidores, a Verve decidiu abrir a captação para o segundo fundo, conta Marcelo. 

Fintechs no radar

Apesar de ter uma tese agnóstica em relação a setores, a maior parte dos investimentos da Verve Capital até hoje foi em fintechs e retailtechs. “Conversamos com muitas fintechs. Para o fundo 2, temos algumas conversas, mas nenhuma ainda em estágio avançado”, diz Gabriel.  

A inclinação para startups de serviços financeiros e varejo é um movimento natural, tendo em vista a experiência dos sócios. No início dos anos 2000, Marcelo fundou a Sack’s, e-commerce de beleza e cosméticos Sack’s vendido em 2010 para o grupo LVMH, dono de marcas como Louis Vuitton, Dior e Sephora. Já Gabriel soma mais de dez anos de atuação em finanças, principalmente com M&As. 

Sobre o mercado de fintechs, Gabriel diz que tem visto mais empresas com soluções de infraestrutura e que permitam o embedded finance (finanças embarcadas). “Alguns anos atrás, teve uma onda de fintechs B2C, que está mudando para fintechs B2B”, afirma. 

Sinais positivos

Em relação ao chamado “inverno das startups”, Marcelo enxerga que houve uma “reorganização do que estava errado”, com muita euforia, muito otimismo e “dinheiro de graça”. Ele diz estar confiante porque o mindset mudou e os empreendedores sabem da necessidade de pensar em breakeven, ao mesmo tempo em que cresce e controla custo de aquisição de cliente, por exemplo. 

“Os empreendedores entenderam que não tem mais os ‘potinhos de ouro’. Agora é mais mundo real, tira toda aquela euforia. Estou me sentindo mais em 99, quando eu empreendia”, afirma Marcelo.

Na visão de Gabriel, houve alguns sinais positivos entre o fim de 2023 e o início deste ano. Um desses indicativos é a possível reabertura da janela de IPOs, puxada por empresas de tecnologia nos Estados Unidos. Outro é o apetite de grandes fundos de venture capital, o que provoca uma espécie de ‘efeito cascata’ até o early-stage. Além disso, há mais movimentos de fusões e aquisições (M&A). “Tudo isso vai aquecendo o mercado.”