A estratégia do Travelex Bank para transformar o tradicional mercado de câmbio

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O mercado de câmbio é um dos menos tecnológicos do setor financeiro. Extremamente regulamentado, o segmento começa a ter novas soluções. Basta observar as fintechs Zro Bank, Remessa Online e TransferWise. Mas não só elas. Instituições tradicionais como o Grupo Travelex Confidence, que controla a corretora Travelex Confidence e o Travelex Bank estão se atualizando para não ficar para trás.

O Travelex Bank acaba de lançar um novo serviço de “câmbio as a service” (sim, agora tudo é ‘as a service’). A plataforma, chamada Bluebox, permite que bancos menores, corretoras, fintechs, agências de turismo, agentes autônomos de investimento, entre outros, possam contratar um portfólio de produtos de câmbio — de compra e venda de moeda em espécie a serviços de importação e exportação, principalmente para PMEs.

“Empacotamos essas soluções e produtos de modo que seja simples para qualquer CNPJ possa oferecer ao cliente final uma solução de câmbio, ainda que o business dele não seja de câmbio”, explica Jorge Arbex, superintendente-executivo de planejamento estratégico do Grupo Travelex Confidence, em entrevista à Finsiders.

As APIs começaram a ser desenvolvidas no segundo semestre do ano passado, e a solução de câmbio as a service ficou pronta em 2020. A instituição fechou uma primeira parceria com modalmais. Desde setembro, o banco digital oferece em sua plataforma a compra de moeda estrangeira com entrega programada em espécie, de US$ 100 a US$ 3 mil, para os seus mais de 1 milhão de investidores.

Sem abrir detalhes, Arbex diz que há um pipeline de novas parcerias. Mas dá algumas pistas. O público potencial vai desde os atuais correspondentes cambiais, que somam 700 em todo o Brasil, até agências de viagens, agentes autônomos de investimentos, ou mesmo outras companhias que queiram plugar o serviço de câmbio em sua oferta.

“Nosso alvo são pessoas jurídicas que têm qualquer tipo de relacionamento e transação feita em moeda estrangeira.”

O momento não poderia ser mais propício para as novas investidas da empresa. No mês passado, o BC abriu uma consulta pública (que vai até janeiro) para aperfeiçoar a regulamentação do mercado de câmbio, levando em conta as inovações tecnológicas e os novos modelos de negócios relacionados a pagamentos e transferências internacionais. O objetivo, claro, é aumentar a competição, inclusão financeira e inovação no setor. Faz parte da agenda BC+.

Entre as propostas em consulta está a regulamentação do uso de contas de pagamento em reais para realizar operações com o exterior. Assim, instituições de pagamento (IPs) — estrutura regulatória usada por muitas fintechs para oferta de contas digitais — possam ser autorizadas a operar no mercado de câmbio para determinadas operações.

“Tem sido um ano propício para buscar tecnologias e formas diferentes de fazer processos.”

Outros nomes fortes no setor estão investindo na transformação digital. A Frente Corretora aposta num modelo de corretora de câmbio digital e vem evoluindo bastante nos últimos anos. Hoje já está entre as 15 maiores corretoras de câmbio e é a terceira maior rede de parceiros, com cerca de 600 correspondentes pelo país.

Em novembro, o BS2 anunciou que a conta internacional passou de 100 mil clientes. Quem também aposta em uma conta global é o C6 Bank, que acabou de receber uma injeção de capital de R$ 1,3 bilhão. Para o início de 2021, a instituição prevê uma plataforma de investimentos global. Neste ano, também fechou uma parceria com a TIM, que em três meses resultou na abertura de mais de 800 mil contas.

Escrevi para a revista The Funnel uma matéria sobre a inovação aberta e transformação digital no mercado de câmbio. Em breve, compartilho.