As brasileiras Guiabolso, CIP, Lina, Vista, BMG, Quanto, Neurotech , e as multinacionais Banfico e NTT Data já começaram a anunciar suas soluções para navegar no Open Banking, cuja primeira fase começou aqui em fevereiro. Mesmo que por enquanto o compartilhamento esteja valendo apenas para informações cadastrais das instituições que fazem parte do sistema, todos os players estão de olho no futuro – e quem sair frente sai em vantagem.
As soluções são tanto para o cliente final (B2C) quanto para as instituições financeiras (B2B). O Guiabolso, um dos precursores do compartilhamento de informações financeiras no Brasil, atua nas duas frentes. De um lado, acaba de anunciar que passou a disponibilizar em seu site uma seção com a relação completa de agências bancárias das principais instituições financeiras do país, como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômico Federal, Itaú, Santander e Banrisul. “Esse é um bom exemplo de como o Open Banking pode ajudar as pessoas. Nosso time de Tecnologia construiu APIs que, de forma automática, conseguem conectar os dados com as instituições, fazendo com que os dados das agências estejam sempre atualizados”, explica Mateus Brum, head de Growth do Guiabolso.
De outro lado, o aplicativo fechou uma parceria com a Neurotech através do produto Guiabolso Connect, que faz parte da divisão B2B da fintech, para criar o Riskpack Open Banking. A solução será oferecida para todos os clientes da Neurotech, principalmente empresas que concedem crédito, oferecendo a elas novas funcionalidades como acesso antecipado às informações do Open Banking com experiência transparente e personalizada. A plataforma promete aumento de conversão nas análises manuais das propostas devido ao maior acesso às informações do solicitante de crédito; redução do tempo de análise manual; e possível diminuição de custos com back office, aprimorando a análise de crédito e automatizando decisões manuais.
Com 18 anos de estrada, a Neurotech já implantou mais de mil soluções de Inteligência Artificial, Analytics e Ciência de Dados para ajudar gestores e empresas a transformar dados em melhores decisões nos mercados de crédito, varejo, seguros e financeiro.
Bancos x fintechs x neobanks
A NTT Data, que atua em B2B, acaba de lançar sua plataforma Platea Banking para capacitar bancos na competição com fintechs e neobanks. “A adaptação dos bancos ao contexto digital está ocorrendo de forma lenta, prejudicada por sistemas legados e pela falta de recursos para criar as experiências digitais que os consumidores demandam”, disse, em nota, Manuel Romero, Global Head de Open Banking da NTT. Segundo a multinacional, sua plataforma foi desenvolvida para transformar a infraestrutura legada por via da modernização progressiva do núcleo, ao mesmo tempo que ajuda bancos e empresas do setor a lançar novos empreendimentos de crescimento mediante uma sequência de tecnologia ‘greenfield’.
A Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) também anunciou a sua plataforma de Open Banking B2B nessa semana, com uma solução para atender as três primeiras fases de implementação no Brasil – e, segundo a empresa, com capacidade inicial de processar até mil transações por segundo. A plataforma foi desenvolvida e criada em parceria com a inglesa Banfico, que já opera em mercados de referência como Reino Unido e Ásia, com o apoio da Lina, uma Infratech brasileira.
A Plataforma de Open Banking da CIP é um sistema de gestão de consentimento 100% white label, ou seja, a instituição financeira poderá rotular sua marca em toda a plataforma atrelando sua identidade visual. E a solução também é modularizada, permitindo a escolha entre diversos modelos de infraestruturas e volumes de transações por segundo, reduzindo custos e tempos de implantação, ao mesmo tempo em que permite a extensão das funcionalidades para novos produtos e serviços da instituição, promete, em nota, Leonardo Demola Ribeiro, superintendente de negócios da CIP. A empresa integra o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB e oferece soluções e serviços em tecnologia, inovação e segurança às transações financeiras efetivadas no País.
A Banfico é especialista em PSD2* em vários domínios – gerenciamento de identidade e acesso, API, regulamentação, pagamentos e gerenciamento de projetos, com negócios no Reino Unido, Europa, Índia e Oriente Médio, onde ajuda bancos na implementação de projetos de Open Banking.
A Lina surgiu para surfar essa onda, com tecnologia que conecta negócios digitais com o Sistema Financeiro Nacional, especialmente para os ecossistemas brasileiros de pagamentos instantâneos (PIX) e Open Banking.
Surfando a onda
A Quanto, fintech escolhida pelo Bmg para implantar sua plataforma de Open Banking, também nasceu pra isso. “Desconstruímos os serviços bancários para reconectá-los de maneira inovadora, aberta e competitiva. As pessoas devem ter o controle de suas próprias informações”, disse em nota Ricardo Taveira, CEO da fintech. “Nosso foco é justamente ajudar bancos, fintechs e empresas em geral a navegar essas oportunidades e antecipar mudanças que só veremos em fases avançadas da regulação.”
O Bmg informa que desde o início do processo de implementação, passará a pedir aos interessados em linhas de crédito que compartilhem seu histórico financeiro em outras instituições. A ideia é que, a partir da autorização para acessar esses novos dados, o banco possa refinar suas análises e, assim, aumentar a aprovação de linhas de crédito.
“Vemos no open banking uma ótima oportunidade para a democratização do acesso ao crédito e ao nosso leque diversificado de produtos financeiros. A nova regulação está alinhada às metas do Bmg para o desenvolvimento de produtos e serviços simplificados, inclusivos, inovadores, e que incentivem o crescimento e transformação do nosso negócio”, afirma Flávio Guimarães Neto, diretor de Estratégia de Mercado e Analytics do Bmg.
Até mesmo os novatos já estão se mexendo. “Estamos desenvolvendo um sistema de integração bancária, que será lançado ainda no primeiro trimestre deste ano”, antecipa o CEO da fintech Vista, Luiz Fernando Schvartzman. A Vista surgiu em setembro de 2020 para conectar planejadores financeiros com clientes usando tecnologia, e hoje tem mais de R$ 150 milhões em patrimônio cadastrado no sistema, mais de 300 famílias atendidas e 85 planejadores financeiros. A ferramenta oferece atualização automática de investimentos, conexão do patrimônio com planos, organização de receitas, despesas e dívidas. “Queremos expandir o mercado e a atuação do planejador financeiro com ferramentas, tecnologia, comunidade, treinamentos e principalmente a liberdade de atuação para o planejador autônomo”, diz Schvartzman.
*PSD2 é a sigla para Revised Payment Services Directive, diretiva administrada pela Comissão Europeia para regular os serviços de pagamento e os provedores de serviços de pagamento em toda a União Europeia e no Espaço Econômico Europeu, que vigora desde 2017.