O banco digital Neon acaba de fechar a compra da financeira catarinense Biorc. Com a aquisição, que não teve o valor revelado, a fintech terá a licença necessária para atuar diretamente em operações de crédito, assim como acesso a novas estruturas e fontes de funding.
Como de praxe, a transação ainda depende de aprovação do Banco Central (BC).
Fundada em 2009, a Biorc tem como foco a concessão de consignado privado, uma das principais estratégias da Neon, que já havia comprado em 2020 a ConsigaMais+, uma das principais fintechs do setor.
“Com essa aquisição, a Neon poderá oferecer todos os serviços e produtos financeiros que um cliente possa querer. Foi um passo natural para atender ainda melhor o brasileiro trabalhador”, diz Pedro Conrade, fundador da Neon, em comunicado.
A compra da financeira é mais um passo da Neon — hoje com 15 milhões de clientes — em seu movimento para ser o banco do brasileiro trabalhador. O objetivo, como vem dizendo Pedro há alguns anos, é competir com os maiores bancos do país.
A avenida de crescimento via M&A não é nova na Neon. Em 2019, a fintech comprou a MEI Fácil, para avançar entre os microempreendedores individuais. No ano seguinte, adquiriu a corretora Magliano e a fintech de consignado privado ConsigaMais+.
Em abril do ano passado, a Neon recebeu autorização do BC para operar como IP (Instituição de Pagamentos), nas modalidades emissora de moeda eletrônica e emissora de instrumento de pagamento pós-pago.
Desde a fundação, em 2016, a Neon captou mais de US$ 420 milhões, segundo dados do Crunchbase. O último aporte foi uma Série C, anunciada em setembro de 2020, quando levantou US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão, no câmbio da época) em rodada liderada pela General Atlantic (GA), com participação da BlackRock, Vulcan Capital, Endeavor Catalyst e PayPal Ventures.
Fazem parte do captable, ainda, Monashees, Flourish Ventures, Propel Venture Partners e BV. O banco, inclusive, ajudou a Neon a continuar operando em 2018, quando o Banco Neon (antigo Pottencial, uma instituição de pequeno porte em BH) teve liquidação decretada pelo BC.
Na época, o encerramento das operações do banco mineiro causou dúvidas sobre o futuro da fintech, mas vale lembrar que a Neon Pagamentos (que nasceu como Controly) tinha apenas um acordo comercial com o Pottencial — substituído à época pelo BV. Ou seja, não havia participação societária da instituição mineira na fintech.
Na “batalha” pelo trabalhador brasileiro, a Neon enfrenta uma acirrada concorrência de bancos digitais e fintechs. O maior deles, o Nubank, se aproxima de 50 milhões de clientes. O Inter, por sua vez, já passa de 16 milhões e o C6, fundado em 2019, superou 14 milhões.
Guardadas as diferenças e proporções, todos se posicionam agora com ofertas mais completas, abandonando de certa forma o ‘unbundling’ visto tempos atrás. A combinação entre banking e marketplace também tem sido uma estratégia comum entre os players.
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