MERCADO

Crescimento no número de fintechs desacelera, indicam dados do BC

Novas informações publicadas pelo Banco Central (BC) sinalizam que o 'boom' de novas IPs e SCDs ficou para atrás

Fonte: Banco Central | *Mercado passou a ser regulado a partir de 2018 | Arte: Camila Belintani
Fonte: Banco Central | *Mercado passou a ser regulado a partir de 2018 | Arte: Camila Belintani

A criação de regulamentações específicas para instituições de pagamento e fintechs de crédito, em 2013 e 2018 respectivamente, acelerou a concorrência no setor financeiro. Mas após o boom de novas instituições autorizadas a operar pelo Banco Central (BC), agora dá para notar uma desaceleração na quantidade de aprovações de Instituições de Pagamento (IPs) e Sociedades de Crédito Direto (SCDs).

Dados referentes a dezembro de 2024, disponíveis no site do BC desde 21/3, evidenciam esse movimento. A quantidade de IPs com autorização do regulador chegou a 174 no final de 2024 – um ano antes, eram 115, o que significou um crescimento de “apenas” 50%. Entre 2022 e 2023, a lista de players havia crescido 55%, mas já num ritmo mais lento do que o observado entre 2021 e 2022, quando mais do que dobrou o número de IPs.

No caso das SCDs, a maior expansão veio entre 2020 e 2021, intervalo em que o número de instituições saltou 56%. Nos períodos seguintes, o crescimento se manteve em dois dígitos, mas abaixo de 20% entre um ano e outro. Em 2024, o BC computou 134 SCDs.

‘Seleção natural’

Também regulamentadas pelo BC em 2018, as Sociedades de Empréstimos entre Pessoas (SEPs) são apenas 12, número que se mantém desde 2023. Esse segmento de crédito no modelo peer-to-peer lending (P2P) enfrenta desafios para crescer. Não à toa, alguns dos players já foram vendidos – casos de Mova e Nexoos, compradas por Serasa e Ame (da Americanas), respectivamente. Segundo especialistas, muitas delas vêm buscando atuar em nichos específicos para se diferenciar – e sobreviver.

Como mostrou reportagem do Finsiders Brasil, em setembro de 2024, há um movimento crescente de cancelamento e venda de licenças de fintechs junto ao BC. De acordo com especialistas, esse tipo de movimentação aponta para uma consolidação daqui para frente, como parte da evolução do mercado.

“Vejo uma ‘seleção natural’, com alguns casos de empresas que vão se provar insustentáveis no longo prazo”, disse na ocasião Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem.