A insurtech chilena Betterfly, considerada a mais valiosa da América Latina no setor, anuncia a aquisição da Xerpa, fintech de antecipação de salários, logo após levantar US$ 60 milhões em uma rodada Série B — com investidores como DST Global, QED Investors, Valor Capital, Endeavor Catalyst e SoftBank Latin America Fund.
O valor da aquisição não foi divulgado, tampouco o início das operações no Brasil, que ainda não tem uma data definida. Atualmente, o principal serviço da empresa, chamado de ‘Xerpay’, é oferecido a mais de 60 mil funcionários de 45 empresas, algumas grandes do mercado, como Ambev e Nivea.
Eduardo Della Maggiora, fundador e CEO da Betterfly, avalia que a operação permite vislumbrar uma experiência completa ao usuário. Segundo ele, a chegada da empresa ao Brasil tem o compromisso de ofertar proteção financeira a milhões de famílias.
“Acreditamos que a aquisição da Xerpa é um passo natural para que a Betterfly possa entregar uma oferta integral aos trabalhadores. Estamos construindo uma potência financeira alinhada ao propósito social nato da Betterfly. Um ecossistema que permite ao usuário melhorar seus hábitos saudáveis, sua qualidade de vida, além da possibilidade de ajudar a outras pessoas.”
Para Nicholas Reise, fundador e CEO da Xerpay, o salário sob demanda se transformou numa das ferramentas mais eficientes para contribuir para o bem-estar financeiro dos trabalhadores. Só entre janeiro e agosto de 2021, segundo Reise, o uso da ferramenta cresceu mais de 230% — o que representa uma economia de R$13 milhões entre os colaboradores que utilizam a plataforma.
A integração do Xerpay à plataforma Betterfly vai colaborar para que os usuários se sintam mais seguros e protegidos financeiramente, com acesso fácil aos serviços. Ao mesmo tempo, vão poder ajudar a outras pessoas por meio de ações sociais, agregando impacto à missão da Xerpa”, diz Nicholas.
Além da Xerpa, a operação integrará outras quatro startups que compõem o Grupo Kunder, uma empresa dedicada ao desenvolvimento de software para o mundo financeiro e que tem como clientes os principais players do mercado nacional. São elas: a herpay! (de soluções para quem está fora do sistema financeiro); a Nesto (semelhante à Xerpa); a Numi (de cartões digitais sociais) e uma parcela da Racional (de compra de ações).
Fundada em 2018, como um aplicativo que transformava hábitos saudáveis em doações de alimentos para combater a desnutrição no mundo, a empresa mudou seu nome para Betterfly dois anos depois, ao mesmo tempo em que desenvolve uma plataforma que combina bem-estar, proteção financeira e impacto social. Ao todo, possui mais de 170 colaboradores no Chile.
Com a novidade, executivos já começaram a montar a equipe com a expectativa de incorporar, nos próximos meses, 50 novas posições de trabalho, além da integração de colaboradores atuais do Xerpay. Os planos futuros incluem a expansão para outros países da América Latina, como México e, depois, para outros continentes.
Outras operações
Vale lembrar que no início de setembro, a Butterfly escolheu a Icatu para iniciar sua expansão na América Latina, a começar pelo mercado brasileiro. A seguradora brasileira — com R$ 60 bilhões em ativos e mais de 8 milhões de clientes — é um importante player do segmento, com atuação em seguros de vida, previdência, capitalização e investimentos.
Pelo acordo, as empresas vão oferecer um produto que contempla um seguro de vida dinâmico. À medida que os usuários da plataforma realizam práticas saudáveis, como exercícios físicos, meditação, yoga e cursos livres, o valor da proteção aumenta automaticamente e também se transforma em doações sociais.
O produto será vendido no Brasil pela Betterfly para empresas pequenas, médias e grandes. A Icatu será também um braço comercial na distribuição do produto por meio de sua rede de parceiros.
Mercado em ascensão
O fato é que o Brasil tem sido a “menina dos olhos” das empresas de fora quando o assunto é investimento. A Clara, fintech mexicana de gerenciamento de gastos e cartão de crédito corporativo, atraiu vários investidores brasileiros (entre eles Creditas), para um aporte recebido em julho. A Addi, fintech responsável por parcelamentos sem juros e sem cartão de crédito no e-commerce e varejo físico, também se expande pelo país. Em maio, anunciou um aporte Série B de US$ 65 milhões.
Outro exemplo é a Kavak, que desembarcou em julho no Brasil com planos ambiciosos. A plataforma permite comprar, recondicionar e vender carros usados pela internet ou nas instalações da empresa, tudo por meio de dados e tecnologia. Para o país, a expectativa é de comprar mais de 100 mil carros e vender acima 50 mil até o final de 2022. A empresa anunciou hoje um aporte de US$ 700 milhões em uma rodada série E, e passou a ter um valuation de US$ 8,7 bilhões.