Febraban cria grupo para colaborar com piloto do real digital

Segundo a Febraban, inicialmente participarão cerca de 15 representantes de bancos, com foco em debates técnicos sobre o real digital

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criou um novo grupo de trabalho para discutir questões como segurança, resiliência, interoperabilidade e escalabilidade do real digital. Dessa forma, os 15 bancos que agora estão na iniciativa buscarão dar suas visões sobre a nova versão da moeda ao Banco Central (BC).

Em julho de 2021, quando o projeto do real digital estava começando a sair do papel, a Febraban anunciou que tinha criado um grupo para entender o assunto. “A ideia é entender as tecnologias, o efeito da implementação do real digital no sistema bancário e como temos de nos preparar para isso”, disse na ocasião Leandro Vilain, diretor executivo de inovação da entidade, em audiência pública no Senado.

Agora, o real digital já foi testado e o BC já apresentou como será o funcionamento dessa versão da moeda. O real digital vai mudar o modelo de negócios do sistema financeiro. O uso da moeda digital do BC será no atacado, ou seja, em operações entre as instituições. Mas o projeto inclui a emissão de tokens pelos bancos com lastro nos depósitos bancários, funcionando como stablecoins. É um avanço das finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês), mas para operações reguladas.

Febraban participou de testes do real digital

Além de já estudar o assunto, a Febraban participou dos testes do real digital no Lift Challenge, em que houve nove projetos testados. O seu era de Delivery versus Paymento (DvP). Portanto, a transação só acontece há o pagamento de um serviço ou produto. Com blockchain, o dinheiro sai da conta do pagador e fica na rede até a entrega do ativo, quando ocorre a liquidação. E se o ativo for digital, a liquidação pode acontecer praticamente em tempo real.

“Em um primeiro momento, o real digital provavelmente terá mais aplicabilidade para a pessoa jurídica. Não será utilizado em larga escala por pessoas físicas. O mercado ainda vai se desenvolver. O que estamos construindo é uma infraestrutura que permita a tokenização desses depósitos. E a partir daí, você abre um leque de oportunidades para outros produtos e serviços no sistema financeiro”, afirmou Vilain.


“Blockchain abre um portal para DvP”

De acordo com o diretor da Febraban, “blockchain abre um portal para outras transações mais complexas” de DvP. “A tokenização da economia pode significar uma mudança muito significativa para o sistema financeiro, porque o cliente sai de um mundo onde está acostumado a ter dinheiro numa conta corrente e passa a ter dinheiro num token ou numa representação digital. Será uma mega inovação para o sistema financeiro, transformacional”, completou.

No entanto, nos primórdios da blockchain, a Febraban – ou seja, os bancos – não mostrava muito interesse em avançar no assunto, particularmente no que se referia à tokenização. O tempo foi passando, a tecnologia foi avançando na economia e houve estudos como o de compartilhamento de procurações e poderes de clientes.

No final do ano passado, a Febraban foi uma das instituições que assinaram uma carta ao Congresso pedindo a aprovação da lei que rege as empresas ligadas a serviços de criptoativos.

*Conteúdo publicado originalmente no portal parceiro Blocknews.

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