A fintech MovilePay, do grupo Movile (dono do iFood), recebeu nesta semana autorização do Banco Central (BC) para operar como Sociedade de Crédito Direto (SCD), o que lhe permitirá agora emprestar com recursos próprios.
Segundo despacho publicado no Diário Oficial da União, a MovilePay SCD larga com capital de R$ 3,5 milhões e tem sede em Osasco. O controlador final é o grupo sul-africano Naspers, cujo braço de investimento em negócios de tecnologia — a Prosus — controla tanto a Movile quanto o iFood.
Procurada pelo Finsiders para comentar sobre a obtenção da licença, a MovilePay diz, em nota, que “a iniciativa é parte da estratégia da empresa em oferecer produtos financeiros para o ecossistema do iFood, em especial para os mais de 300 mil restaurantes que fazem parte da plataforma.”
‘Banco dos restaurantes’
Criada em 2019, a MovilePay nasceu como uma fintech para desenvolver soluções para os negócios da holding e sempre teve como principal cliente o iFood, para o qual construiu o “banco do restaurantes”. Em agosto do ano passado, a empresa informou que já havia concedido mais de R$ 500 milhões em crédito para aproximadamente 20 mil restaurantes em todo o Brasil.
Naquela ocasião, a MovilePay anunciou uma captação adicional de R$ 100 milhões por meio de um segundo fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), complementando os R$ 200 milhões que havia levantado em agosto de 2021.
No iFood, centenas de milhares de restaurantes atualmente têm acesso a uma conta digital, com serviços básicos, como transferências via Pix, boleto e cartão.
“Em cima disso, começamos a colocar crédito, que talvez seja a próxima fronteira para quem está em pagamentos. Quando você começa a enxergar o ‘flow’ e as vendas desse cara no dia, na semana, no mês, está em posição privilegiada para dar crédito”, disse Thomas Barth, diretor de fintechs da Movile e do iFood, em evento recente promovido pela Zoop — também investida pela Movile.
Fintechs de crédito
A figura de SCD é um dos modelos de negócio de fintech de crédito regulamentado pelo Banco Central em 2018, junto com a Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP). Ao todo, são mais de 100 SCDs autorizadas e outras 12 SEPs, conforme os dados disponíveis no site do BC.
Desde então, as fintechs de crédito ainda têm tentado se provar e representam uma fatia ínfima do mercado de crédito local. Com a deterioração do quadro macroeconômico, esses players também sofrem com a inadimplência.
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