Nova edição da pesquisa da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) aponta aumento do interesse por parte das empresas em investir em Corporate Venture Capital (CVC). Entre as 41 companhias que participaram do estudo, quase 83% têm iniciativas deste porte. Em 2022, 13 empresas listadas na bolsa de valores lançaram suas iniciativas para financiar empresas em estágios iniciais, ante 8 em 2021. No total, foram R$ 3,04 bilhões em capital comprometido nesses programas no ano passado. O levantamento também contou com o apoio da EloGroup, Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), Wayra Brasil, Vivo Ventures, Global Corporate Venturing (GCV) e ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
“O crescimento no mercado de CVCs não foi abalado mesmo num ano em que o mercado de Venture Capital passou por ajustes, com diminuição de ritmo de investimentos, aumento de ciclo de avaliação de startups e readequação dos valores investidos”, disse Marcio Barea, gerente de estudos e pesquisas da ABVCAP.
O estudo contou com a participação de 41 empresas. Dessas, 82,9% possuem iniciativas de CVC. Em 58,5%, o programa é realizado por unidades de CVC com estrutura societária própria (fundos, SPEs ou offshores) e em 19,5%, direto do balanço da companhia. Já entre as companhias que ainda não possuem CVC (17,1%), 71,4% têm o objetivo de implementar um programa por meio da contratação de consultorias especializadas e 57,1% pretendem utilizar talentos da própria empresa.
Entre as empresas que responderam a pesquisa, 80% possuem receita líquida acima de R$ 1 bilhão; 22% são da indústria, 17,1%, do setor de energia, 12,2%, do segmento de saúde e outras 12,2%, de serviços Empresas de tecnologia da informação são 9,8% da amostra.
“A pesquisa mostra um amadurecimento do ecossistema de startups e capital de risco com uma busca das empresas investidoras por profissionalização das iniciativas de CVC. Essa tendência segue as melhores práticas globais de viabilizar os objetivos de inovação e novos negócios das companhias com retorno financeiro”, afirma Sandro Valeri, da EloGroup, coordenador do Comitê de CVC da ABVCAP e um dos responsáveis técnicos da pesquisa.
Para Gabriela Toribio, Managing Director da Wayra Brasil e Vivo Ventures e coordenadora do Comitê de CVC da ABVCAP, “a pesquisa reflete o momento atual do ecossistema, que tem percebido cada vez mais a importância dos CVCs, não apenas como fonte de investimentos financeiros, mas para o acesso ao smartmoney e a potenciais parceiros de negócios. As grandes empresas se beneficiam com novas tecnologias e ainda ajudam as startups em seus movimentos de escalada”.
Um dos pontos de atenção do estudo, refere-se à necessidade de observar o processo estruturado das grandes empresas para inovação e as práticas CVC. “Além dos objetivos estratégicos para a inovação, a estruturação de um processo de apoio, seleção, investimento e absorção de conhecimento entre as empresas e startups é fundamental. Não existe paciência elevada com investimentos e perder recursos no atual momento não estaria na pauta. Isto é, equilibrar agendas de curto prazo e expectativas de longo prazo está no foco”, pontua Hugo Tadeu, Diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC.