Nubank e outras fintechs aderem ao Desenrola, que pode limpar nome de 2,5 milhões

Entre as fintechs, participam do Desenrola C6, PagBank, Mercado Pago e PicPay, além dos principais bancos do país

O Nubank, banco digital com 75,2 milhões de clientes no Brasil, anunciou nesta quarta-feira (19) que vai participar do Desenrola Brasil, programa do governo federal que vai possibilitar a renegociação de dívidas de brasileiros. A estimativa é que a iniciativa possa beneficiar até 70 milhões de pessoas no país.

“Após concluir a análise técnica dos requisitos já disponíveis do Desenrola, o Nubank confirma que participará do programa. A instituição dará baixa na negativação das pessoas com dívidas de até R$ 100 e compartilhará mais detalhes de sua adesão conforme avançar no processo”, afirmou o neobank, em comunicado.

Ainda de acordo com a fintech comandada por David Vélez, a instituição informará, mais adiante, as condições, os critérios e os canais de atendimento para as renegociações das pendências. E alerta para que os clientes não cliquem em links suspeitos com “supostas ofertas” relacionadas ao Desenrola.

No início da semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que caso o roxinho aderisse ao programa, o número de clientes a serem retirados da lista de inadimplentes poderia subir de 1,5 milhão para 2,5 milhões.

“Tem um banco só que estava em dúvida se aderia ou não, porque ele tem pouca vantagem no crédito presumido e tem 1 milhão de pessoas negativadas, o Nubank. Estamos aguardando. Se aderirem, serão 2,5 milhões de CPFs”, disse Haddad.

Fintechs e bancos

Entre as fintechs, participam, ainda, C6, PagBank, Mercado Pago e PicPay, além dos bancos tradicionais Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. A Zetta, associação de fintechs, considera o programa positivo por conta do potencial de “auxiliar milhões de brasileiros a renegociarem dívidas bancárias e retirar seus nomes dos cadastros de inadimplência”.

“Associados da Zetta como Nubank, Mercado Pago e Picpay já confirmaram adesão a este importante programa, que pode devolver milhões de famílias à rota do consumo consciente e tem o potencial de ajudar o país na retomada da economia e do crescimento sustentável”, disse a entidade, em nota.

As securitizadoras e os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) — mecanismo de funding utilizado por inúmeras fintechs para concessão de crédito — também foram incluídos no Desenrola. A decisão foi comemorada pela Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), que tem como membros fintechs como Creditas, Gyra+, Neon, entre outras.

A entidade colaborou com as discussões relacionadas ao programa, enfatizando a importância da participação das fintechs de crédito na iniciativa. “A maior parte de nossas associadas tem sua captação de recursos baseada no mercado de capitais — FIDCs e veículos de securitização –, por isso consideramos que nosso principal pleito relativo ao tema foi atendido”, afirmou Claudia Amira, diretora-executiva da ABCD, em nota.

Desenrola Brasil terá duas etapas

Na faixa 2 do programa, que já está em vigor, pessoas físicas com renda de até R$ 20 mil e dívidas em banco sem limite de valor poderão resolver suas pendências. A projeção é beneficiar mais de 30 milhões de pessoas com créditos a serem utilizados que totalizam em torno de R$ 50 bilhões.

Já na faixa 1, o acordo entre o governo federal e os bancos prevê que as dívidas bancárias de até R$ 100 não resultem em restrições aos nomes dos correntistas junto aos birôs de crédito. A pendência continua existindo, mas o consumidor pode voltar a tomar recursos junto as instituições. “Com isso, caem restrições e a pessoa pode, por exemplo, voltar a pegar crédito ou fazer contrato de aluguel, se não tiver outras restrições”, disse o governo, em nota.

A faixa 1 considera as dívidas de famílias com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640), no patamar de até R$ 5 mil. Essa é a etapa que pode beneficiar cerca de 2,5 milhões de pessoas e está prevista para começar em setembro, quando entra em operação uma plataforma na internet para a negociação de dívidas bancárias e não bancárias, incluindo setores como o serviço público e o varejo.

Serão consideradas apenas as dívidas contraídas até 31 de dezembro de 2022.

Alerta para golpes

Em comunicado, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alertou os cidadãos para possíveis golpes no âmbito do Desenrola. Segundo a entidade, criminosos podem aproveitar a iniciativa para aplicar golpes por meio de links falsos ou de engenharia social, em que o indivíduo fornece o seus dados confidenciais.

A Febraban diz que os interessados devem buscar informações nos canais oficiais do bancos que aderiram ao programa, como agências, internet banking ou em aplicativos.

“É muito importante que o cliente não clique em links recebidos por aplicativos de mensagens, de redes sociais e em links patrocinados em sites de busca. Faça você mesmo o contato com o seu banco. Fique atento para que não sejam aceitas propostas de envio de valores com a finalidade de garantir melhores condições de renegociação das dívidas. Reforçamos que somente é possível renegociar as dívidas nos canais oficiais dos bancos”, afirmou Adriano Volpini, diretor do comitê de prevenção a fraudes da Febraban, em nota.

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