Nubank investe em mais duas startups de fundadores negros

O Nubank anunciou rodadas de investimento em duas startups por meio do programa Semente Preta, que conta com R$ 1 milhão destinados a essas empresas de tecnologia fundadas por pessoas negras.

Uma das selecionadas é a AkinTec, uma espécie de “banco digital” com foco em pequenos negócios. A plataforma oferece a esses empresários serviços de pagamento de contas, saques, entre outras funcionalidades. Fundada por Leandro Dias em 2019, se posiciona como uma empresa de Open Banking em blockchain que utiliza redes neurais e inteligência artificial para prevenção de inadimplência do público — classes C, D e E.

A outra investida será a Toti Diversidade. Fundada por Caio Rodrigues em 2016, é a primeira plataforma brasileira de ensino e inclusão de pessoas refugiadas e migrantes no mercado de trabalho de tecnologia. Com uma plataforma de ensino presencial e online, a Toti prepara refugiados em diversas áreas da programação conforme as demandas específicas das empresas.

As duas novas investidas se juntam a uma lista com outras três startups selecionadas para o programa Semente Preta em junho do ano passado. São elas: TeamHub, HRtech de gestão de cultura organizacional fundada por Tatiana Santarelli; {Parças}, liderada por Alan Almeida, uma edtech hacker de que busca formar devs de periferias, favelas e egressos de medidas socioeducativas; e OnlineOS, startup de Isaque Cruz, que busca oferecer um sistema completo de gestão e ordens de serviço para empresas.

“Com o objetivo de contribuir no desenvolvimento de um ambiente tecnológico mais diverso, selecionamos startups de diferentes segmentos, estágios e regiões do Brasil. Além disso, buscamos por empresas que estejam impactando o mercado em que atuam por meio do uso de tecnologia”, comenta Monique Evelle, consultora de inovação do Nubank, em nota.

Diversidade

Para a escolha das startups, o Nubank considera aspectos como pluralidade geográfica, times com diversidade de gênero, étnico-racial e demais grupos sub-representados. As empresas com base tecnológica precisam já ter validado o MVP (produto mínimo viável, em português).

O fundo Semente Petra foi criado pelo banco digital em março do ano passado, meses depois que a cofundadora, Cristina Junqueira, comentou sobre os desafios de contratar pessoas negras para cargos de liderança, em uma entrevista ao programa de TV Roda Viva, da TV Cultura.

Ao ser perguntada sobre as exigências, a executiva disse que “não dá para nivelar por baixo”. A fala pegou mal e fez com que Cristina se desculpasse publicamente pela declaração.

Desde então, o Nubank vem criando um conjunto de iniciativas para promover e fomentar a diversidade. Além do fundo Semente Preta, o banco lançou, por exemplo, um hub de tecnologia e experiência do cliente em Salvador (BA) e trouxe, em 2021, a empresária e ativista Monique Evelle como consultora para ações internas e externas de inovação, diversidade e inclusão.

Internamente, uma das iniciativas recentes é que a instituição está recrutando pessoas trans ou travesti para vaga de estágio em jornalismo.

Com 48 milhões de clientes, faz um pouco mais de um mês que a empresa tornou suas ações públicas no Brasil (B3) e nos Estados Unidos (Nyse). Após ter uma estreia expressiva, tornando-se o banco mais valioso da América Latina, o Nubank já perdeu o posto e viu suas ações se desvalorizarem mais de 25% desde o fim do ano. A instituição vale hoje US$ 34,2 bilhões.

(Colaborou Danylo Martins)

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