RESULTADOS

Lucro consolidado de Inter, Nubank, PagBank, Stone e XP cresce 46%

O lucro líquido somou R$ 5,86 bi e reflete a combinação de crescimento das carteiras de crédito, maior eficiência operacional e rentabilidade

Lucro consolidado de Inter, Nubank, PagBank, Stone e XP cresce 46%
Arte: Camila Belintani

No terceiro trimestre de 2024, as cinco principais instituições financeiras digitais de capital aberto do Brasil – Inter, Nubank, PagBank, Stone e XP – registraram um lucro líquido ajustado de R$ 5,863 bilhões. O crescimento em 12 meses somou 45,7%. O avanço reflete a combinação de expansão das carteiras de crédito, maior eficiência operacional e rentabilidade.

O Nubank apresentou resultado de R$ 3,257 bilhões (considerando o dólar a R$ 5,5), seguido pela XP, com R$ 1,187 bilhão. PagBank e Stone alcançaram R$ 572 milhões e R$ 587 milhões, respectivamente. O Inter fechou o período com R$ 260 milhões, um avanço expressivo de 150% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior​. Os números do Nubank distoam do resto – o desafiante de 13 anos atrás virou praticamente um incumbente, embora ainda não tenha licença de banco.

Crédito

As carteiras de crédito cresceram significativamente no período. No Nubank, a alta foi de 97%, a US$ 5,7 bilhões (R$ 31,35 bilhões). O portfólio de recebíveis de cartão de crédito aumentou 33% na comparação anual para US$ 15,2 bilhões (R$ 83,6 bilhões). Segundo seu release de resultados, “o desempenho reflete o sucesso em equilibrar crescimento com rentabilidade, enquanto ampliamos nossa base de crédito de forma consistente”.

No PagBank, a expansão foi de 30%, alcançando R$ 3,2 bilhões, com foco em linhas de menor risco, como consignados e antecipação do FGTS. “Esse desempenho nos deixa confiantes para entregarmos o resultado esperado para o ano”, destacou em nota Artur Schunck, CFO do PagBank.

O relatório do Inter, por sua vez, ressaltou que “as linhas de FGTS e home equity lideraram a expansão, crescendo 77% e 54%, respectivamente”. Já a Stone superou sua meta anual de R$ 800 milhões, atingindo uma carteira de R$ 923 milhões. Isso signfica um crescimento de 30% em relação ao trimestre anterior. Somente a carteira de crédito ao consumo – Pix Crédito, BNPL e cheque especial – apresentou um crescimento de 52% trimestre a trimestre, ultrapassando R$ 500 milhões.

A rentabilidade foi outro destaque dessas instituições no período. No Nubank, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) anualizado foi de 30%, acompanhado por uma margem operacional ajustada de 31,4%. O Inter registrou um ROE de 11,9%, com crescimento em receitas de juros e serviços​.”A redução no custo de funding nos proporciona maior competitividade no mercado”, disse em nota Gustavo Sechin, diretor do banco.

Receitas

O Inter registrou aumento de 32% para R$ 1,7 bilhão nas receitas. Em nota, destacou que “o cross-sell eficaz e a hiperpersonalização contribuíram para ampliar as receitas de serviços”​.

Já o PagBank atingiu R$ 4,8 bilhões, um aumento de 20%, sustentado por um crescimento de 52% nas receitas bancárias. A Stone, que obteve receita de R$ 3,4 bilhões (+7%), destacou o aumento no volume processado em micro e pequenas empresas, que cresceu 20% e atingiu R$ 114 bilhões no trimestre. Na XP, as receitas somaram R$ 4,536 bilhões. “A diversificação da oferta tem sido um diferencial para ampliar a receita média por cliente e manter a liderança no segmento”, afirmou Victor Mansur, CFO da XP. Já o Nubank reportou US$ 2,9 bilhões (+56%), “impulsionado pela combinação de novos produtos e controle de custos”.

A eficiência operacional também cresceu. O Nubank informou que “o custo médio mensal por cliente ativo permaneceu abaixo de US$ 1, reforçando a alavancagem operacional do modelo de negócios”. A Stone alcançou uma margem EBT ajustada de 21,8%, enquanto o PagBank destacou que “a expansão no volume de depósitos reflete a confiança dos clientes na solidez da instituição”, segundo Alexandre Magnani, o CEO. No Inter, a estratégia de personalização ajudou a aumentar a fidelização, enquanto a XP apontou para uma base estável de custos administrativos como chave para manter sua margem operacional​.

Desafios

Mas apesar do desempenho geral positivo, as cinco instituições continuam enfrentando desafios em áreas estratégicas. O Nubank viu sua margem financeira líquida (NIM) cair 140 pontos base em relação ao trimestre anterior, chegando a 18,4%. O NIM ajustado pelo risco também apresentou queda, recuando 90 pontos base para 10,1%. Esse desempenho foi impactado por uma combinação de menor retorno em produtos de cartão de crédito e custos de captação mais elevados, especialmente nas operações no México e na Colômbia. Além disso, o índice de inadimplência acima de 90 dias subiu 20 pontos base, alcançando 7,2%.

A XP, por sua vez, reportou uma queda de 12% no Lucro Antes de Tributos (EBT, na sigla em inglês) em relação ao trimestre anterior, mesmo com um crescimento anual de 9% no lucro líquido ajustado.

Na Stone, enquanto os segmentos financeiros apresentaram expansão, a divisão de software permaneceu estagnada no trimestre, sem crescimento em receita. A Stone já anunciou a contratação de assessores para analisar e explorar potenciais alternativas para o negócio de software. A companhia não estabeleceu nenhum prazo, mas avalia que os objetivos de cross-sell de sua estratégia podem ser atingidos com uma parceria comercial, e não necessariamente com a operação e gestão desses ativos.

*Jornalista, sócio e CEO da Ovo Comunicação