
A Ame Digital, fintech da Americanas, não vai operar mais como uma Instituição de Pagamento (IP) junto ao Banco Central (BC), licença que tinha desde outubro de 2022. A empresa fez o pedido de cancelamento em julho deste ano e obteve aprovação do regulador no final de outubro. A informação está na edição desta quinta-feira (6/11) do Diário Oficial da União.
O movimento marca um desfecho importante na história recente da Ame. A fintech até tentou vender sua licença de IP, o CNPJ da Ame, assim como outros ativos, mas as negociações não avançaram. A própria instituição admite isso nas últimas demonstrações financeiras, referentes ao primeiro semestre de 2025. “Após diversas rodadas de interações com potenciais interessados no âmbito do market sounding conduzido pela Americanas, não houve oferta firme de aquisição do CNPJ, da licença de Instituição de Pagamento ou dos demais ativos da Ame”, escreveu.
No balanço do primeiro semestre deste ano, a Ame afirmou que validou um “plano de descontinuidade de negócios” com o BC. “E uma vez interrompidos todos os serviços financeiros, foi solicitada junto ao Banco Central do Brasil o cancelamento da licença de Instituição de Pagamento (IP) em 10 de julho de 2025”, informou. No documento, a instituição declarou, ainda, ter “boa capacidade financeira suficientemente necessária para o funcionamento saudável e sustentável da Instituição”. E “cumprirá com todas as disposições legais e regulatórias aplicáveis, incluindo o disposto na Circular BCB n° 3.068 de 8 de novembro de 2001.”
Contexto
Desde que entrou em recuperação judicial, a Americanas tenta dar um destino para sua fintech. Primeiro, a varejista admitiu a venda do negócio. Depois, recuou. Em setembro de 2024, no entanto, cravou o desfecho da operação, com o encerramento das atividades da plataforma de serviços financeiros. Na ocasião, a companhia informou que a Ame Digital deixaria de prestar os serviços de conta de pagamento, credenciadora e participante indireta no Pix. Ao mesmo tempo, buscaria “potenciais interessados” nos ativos da fintech, o ue acabou não evoluindo.
Na época, a Americanas informou que o objetivo é concentrar suas soluções em um novo programa de fidelidade. “Parte do time e das atividades que não são escopo de instituição de pagamento da Ame Digital serão transferidos para Americanas, se juntando à sua própria equipe de serviços financeiros”, disse a empresa.
Trajetória
Criada em 2018, a Ame nasceu como uma carteira digital para atender o ecossistema da Americanas e ganhou corpo, tornando-se uma plataforma financeira. Tanto é que, para fortalecer a estratégia, realizou três aquisições: a financeira Parati e as fintechs Bit Capital, de Banking as a Service (BaaS), e Nexoos, de empréstimos peer-to-peer (P2P) e Credit as a Service (CaaS). Essa última, inclusive, já deixou o grupo, conforme revelou o Finsiders Brasil.
A Nexoos não foi a única fintech comprada pela Ame que tomou outro rumo após a fraude contábil bilionária da Americanas, que culminou com a recuperação judicial da varejista. No ano passado, a empresa também vendeu a Parati Financeira para a fintech de consignado meutudo.