Ao longo do ano passado, fintechs e empresas de criptomoedas pelo mundo foram multadas em US$ 5,8 bilhões, de acordo com dados analisados pelo Financial Times a partir de levantamento feito pela empresa de software Fenergo. As penalidades ocorreram devido a falhas nos controles de lavagem de dinheiro e verificação de clientes (KYC, na sigla em inglês), além de descumprimento de sanções e outros problemas relacionados a crimes financeiros.
Conforme a reportagem, o volume financeiro de penalidades e sanções a essas companhias superou (e muito) os US$ 835 milhões pagos por grupos tradicionais de serviços financeiros em 2023 — o menor valor em 10 anos. No caso das fintechs e empresas de cripto, a cifra alcançou esse patamar puxada pela multa à Binance. Em novembro, a exchange fechou um acordo de US$ 4,3 bilhões com o Departamento de Justiça norte-americano para encerrar as investigações contra a empresa.
Ao todo, as multas por crimes financeiros e outras violações ligadas à lavagem de dinheiro cresceram mais de 30%, para US$ 6,6 bilhões. Ainda assim, o montante ficou abaixo do pico de US$ 11,3 bilhões observado em 2015. De acordo com o levantamento, quase todas as empresas de pagamento multadas em 2023 tinham menos de 20 anos.
Em quantidade, as companhias de cripto totalizaram 11 multas, contra uma média de menos de duas anualmente nos cinco anos anteriores. Já as fintechs de pagamento receberam 27 penalidades, ante uma média de cerca de cinco por ano, entre 2018 e 2022.
Preocupação crescente
Em meio à evolução da tecnologia — e também dos golpes e fraudes —, as instituições financeiras vêm reforçando as medidas de segurança, assim como as práticas de compliance, KYC e PLD (sigla para prevenção à lavagem de dinheiro).
Não à toa, os temas de governança, conduta, gestão de riscos e segurança cibernética apareceram, por exemplo, na primeira consulta pública do Banco Central (BC) para a regulamentação do mercado de prestação de serviços de ativos virtuais.
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