Depois de mais um ano frenético em 2023, o mercado já começa 2024 com expectativas potenciais mudanças relevantes no mercado. Entre elas, a já mais do que comentada potencial aprovação dos primeiros ETFs (fundos negociados em bolsa) de bitcoin à vista (spot). Mas há também questões no fila como o desempenho da Ethereum – se será melhorado ou começará a perder espaço para outras L2. A regulamentação, como sempre, também é assunto em todo o mundo.
Abaixo, o site parceiro Blocknews lista previsões sobre 9 temas distintos, cada um comentado por um ator do setor.
Bitcoin
Coinbase – A exchange acredita que a criptomoeda continuará a ser a âncora do mercado, em especial com a possível aprovação de ETFs de bitcoin spot, trazendo capital de novos segmentos da população. O halving, que vai reduzir os ganhos com mineração e está previsto para abril deste ano, deve elevar ainda mais os preços. Mas, do lado da pressão de venda da cripto, e portanto nos preços, estão 141.686 BTC do fundo de reabilitação da Mt. Gox, que serão usados para pagar credores e que esses podem, ao menos em parte, vender. A liquidação da FTX também pode colocar BTC no mercado, mas nesse caso, as restituições acontecerão em fases e o impacto é incerto.
ETF Bitcoin Spot
Bitcoin Suisse – Vai aumentar o acesso ao mais novo e disruptivo ativo em mais de um século. Deverá dar maior clareza regulatória nos EUA e evitar que empresas do setor saiam do país para mercados mais abertos a criptos. Também vai dar acesso a bitcoin a novos investidores como fundos de pensão, gestores de recursos e consultores de investimentos registrados. A NYDIG, provedora de infraestrutura para operações com bitcoin, estima que a demanda pelo ETF pode ser de cerca de US$ 30 bilhões. Para essa conta, considerou o tamanho dos ETFs de ouro, com o qual a cripto costuma ser comparada como reserva de valor.
As projeções sobre os impactos do ETF variam de empresas e prazos do impacto.
Ethereum
JP Morgan – O desempenho da ether vai superar a do bitcoin e outras criptomoedas em 2024, conquistando fatia de mercado no ecossistema. A maior causa disso é a melhoria chamada EIP-4844 , ou proto-danksharding, prevista para o primeiro semestre de 2024. Se trata de uma mudança para buscar reduzir as taxas e aumentar a escalabilidade. No entanto, no geral, o banco está “cauteloso” em relação ao mercado de criptomoedas (muito embora, como publicou o Blocknews, deve participar do ETF de bitcoin spot da BlackRock, se e quando for aprovado).
Layer 1
Binance – Ethereum continua sendo a principal Camada 1 (Layer 1) de contratos inteligentes (smart contracts) na maioria das métricas. Mas, outras alternativas se mostraram promissoras em 2023, tendo um desempenho melhor do que a rede criada por Vitalik Buterin. É preciso seguir essa tendência para ver se Ethereum continuará mantendo sua dominância. O gráfico abaixo mostra como as redes Solana e Ton (Open Network) se destacaram no ano passado.
Mudança na capitalização de mercado da maioria das L1 em 2023
Fonte: CoinMarketCap, Binance Research (November 30, 2023)
Stablecoins
VanEck – O valor total das stablecoins em blockchain atingir um recorde, superando US$ 200 bilhões, antes os cerca de US$ 130 bilhões atuais. Isso acontecerá à medida que as stablecoins regulamentadas pela Markets in Crypto Assets (MiCA), a regulamentação da União Europeia (UE) são lançadas, stablecoins com rendimento se proliferam e os volumes de negociação continuam a se recuperar. Além disso, algo muito controverso pode acontecer, que é a USDC superar a USDT. A maior adoção institucional de criptos vai mostrar uma preferência pela stablecoin da Circle, o que já acontece nas blockchains de Camada 2 (Layer 2). A Tether também pode perder seu posto se o Departamento de Justiça dos EUA tomar decisões contra Justin Sun e a Tron por infrações referentes a Know Your Customer (KYC), financiamento de terrorismo e manipuplação de mercado.
Regulação
Hashdex – A regulamentação estará novamente roubando a atenção dos investidores. Europa e EUA caminham para uma clareza regulatória e a experiência da regulação de criptoativos no Brasil pode informar o que acontecerá nessas outras regiões. Há muito tempo existe o reconhecimento no Brasil de que os criptoativos devem ser tratados como outros instrumentos financeiros. Assim, o país se tornou uma prova de conceito regulatório de criptoativos. Foi um dos primeiros a aprovar um ETF de cripto e é um dos poucos a aprovar ETFs de cestas de cripto. Em outubro, o novo sistema para fundos de investimento incluiu expressamente os criptoativos como uma classe de ativos financeiros.
O Congresso aprovou a lei 14.478/22 e agora o marco regulatório está em processo de regulamentação pelo Banco Central.
Jogos
Mercado Bitcoin – Os investimentos altos feitos em jogos, de US$ 11 bilhões de 2020 a 2022 – mas de US$ 800 milhões em 2023 – devem “dar as caras” em 2024 e 2025. Isso porque um jogo tipo AAA, com melhor qualidade, demora de 3 a 5 anos para ser desenvolvido. A exchange acredita que os jogos Web3 terão, portanto, um novo ciclo de aparição para o mercado. A receita do setor de jogos ficou na casa de US$ 187 bilhões em 2023, com 3,38 bilhões de jogadores.
Fundos de venture capital
Messari – No geral, os fundos de capital de risco (venture capital, VC) foram devastados pela política monetária de chicote da Federal Reserve (FED), o banco central dos EUA, nos últimos anos. Além disso, o mercado cripto conviveu com fraudes, pressões regulatórias, alguma desaceleração na captação de clientes e corte de investimentos dos clientes antigos, o que reduziu as receitas. Para piorar, IA é a nova queridinha em tecnologia. Mas, os que investiram em 2023 deverão superar o índice S&P (carteira teórica de ações das maiores empresas em bolsas nos EUA) no médio e longo prazo. Muitos podem até superar os benchmarks BTC/ETH por causa dos preços de entrada baixos de 2023. O financiamento de VC (seed até Série D+) no final de 2023 atingiu os níveis mais altos desde maio, com mais de US$ 500 milhões em negócios anunciados.
IA com blockchain
a16zcrypto – Blockchains descentralizadas são um contraponto às soluções de inteligência artificial centralizadas. É preciso descobrir uma forma de descentralizar IA generativa e criar uma governança mais democrática para expandir o acesso e a inovação dessa solução. Além disso, com blockchain é possível criar ambientes públicos globais em que pessoas podem contribuir com força computacional ou dados a quem precisar na rede e serem recompensadas por isso. Por fim, blockchains podem rastrear e monitorar a origem de informações vindos IA para checar se são verdadeiras.
Nansen – Os agentes inteligentes de IA, os softwares que realizam tarefas com base em sensores, podem melhorar o desempenho de blockchain e os casos de uso. Poderão, por exemplo, processar transações e armazenar e negociar ativos de valor em nome de terceiros. Assim, se tornarão usuários, talvez entre os principais, de redes blockchain.
*Conteúdo publicado originalmente no portal parceiro Blocknews.
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