Por Sarah Almachar*
Nos últimos anos, temos testemunhado uma transformação significativa nas relações humanas e tecnológicas, o que desencadeou uma reorganização econômica sem precedentes. Em um mundo onde as empresas mais valiosas costumavam pertencer aos setores de petróleo, gás, bancos e farmacêuticas, agora estamos vendo uma mudança radical. Empresas que adotam modelos de negócios baseados em ecossistemas estão ganhando destaque, e essa mudança pode ser a maior reorganização econômica da história.
Essas empresas não se limitam a oferecer produtos ou serviços isolados. Em vez disso, elas criam ecossistemas que atendem às necessidades e preferências de seus clientes. Isso pode ocorrer tanto no mundo físico quanto no virtual. Mas, afinal, o que torna essas empresas ecossistêmicas diferentes dos conglomerados tradicionais?
Em primeiro lugar, o foco principal das empresas ecossistêmicas é o cliente. Elas buscam constantemente maneiras de agregar mais valor aos envolvidos no ecossistema. Em contraste, os conglomerados tradicionais muitas vezes diversificam seus investimentos em negócios que podem ter pouca ou nenhuma relação entre si.
Plataformas
Outra diferença crucial é a base em que essas empresas operam. Muitas vezes, as empresas ecossistêmicas se baseiam em uma plataforma, seja ela digital ou física, e estabelecem conexões estratégicas com outras empresas por meio dessa base. Essa interação e colaboração entre companhias é muito menos comum em conglomerados tradicionais. Além disso, as empresas ecossistêmicas têm uma tendência a compartilhar seus ganhos com parceiros, criando uma dinâmica de “ganha-ganha” para todos os envolvidos.
Em 2022, o livro “The Ecosystem Economy,” de Venkat Atluri e Miklós Dietz, destacou essa mudança de paradigma nos negócios, fornecendo um exemplo inspirador. Eles ilustram que, ao procurar uma casa para comprar ou alugar, as pessoas não desejam lidar com imobiliárias, bancos, seguros, cartórios e outros intermediários. Em vez disso, elas desejam encontrar uma casa que atenda às suas necessidades e orçamento, e desejam uma plataforma que facilite todo o processo.
Essa mudança de mentalidade, então, se aplica a todas as empresas. As relações comerciais estão sendo redefinidas em função das necessidades dos consumidores. Assim, o fluxo financeiro desempenha um papel central nesse processo. Nesse sentido, a pandemia da covid-19 acelerou ainda mais essa mudança, tornando-a essencial para a sobrevivência das empresas.
Fluxo financeiro
A noção de “circuito fechado financeiro” não é um conceito novo. Ele remonta ao diagrama de John Maynard Keynes, um renomado economista britânico do século XX. Quando aplicamos esse conceito ao ecossistema de empresas, ele se torna uma ferramenta poderosa. Em um circuito fechado financeiro, o dinheiro flui dentro do ecossistema, beneficiando todos os participantes.
Grande parte do novo valor econômico será criado de forma intersetorial. Esse é um princípio fundamental para as empresas que buscam sucesso nesse novo paradigma. O lendário Peter Drucker, aliás, já destacava a importância de entender o verdadeiro negócio em que estamos atuando. Em vez de se restringir a categorias tradicionais, como “gestão hospitalar,” ele nos encorajava a pensar de forma mais ampla, como “saúde e bem-estar.”
Portanto, facilitar o fluxo financeiro dos clientes não apenas atrai mais negócios, mas também proporciona uma compreensão mais profunda das oportunidades de crescimento. À medida que as empresas abraçam esse modelo, elas se tornam mais resilientes, inovadoras e preparadas para enfrentar os desafios do mundo em constante mudança.
*Sarah Almachar é fundadora e CEO da Evlos4u.
Este é um espaço editorial, onde são publicadas análises e opiniões de especialistas de mercado e executivo(a)s com temas de interesse do ecossistema de fintechs. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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