Cada vez mais, a sigla ESG tem tomado conta de noticiários, conversas e reuniões de negócios. O termo que, em inglês significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, em português) diz respeito às práticas adotadas por empresas que levam em consideração os impactos ambientais, sociais e de governança. Podemos dizer que esse movimento está redefinindo todos os setores, inclusive, o mercado financeiro.
A sigla não é nova; aliás, foi criada em 2005 por iniciativa da ONU. Na ocasião, as instituições financeiras já estavam de olho nessa movimentação: foram 20 participantes do setor com representantes de 9 países, incluindo o Brasil. De lá para cá muita coisa mudou e cada dia mais empresas voltam seu olhar para o ESG, uma vez que as práticas também contribuem para melhorar o desempenho das organizações.
Ética e transparência
Um estudo feito pela MSCI ESG Research mostrou que empresas com ações sólidas superaram seus pares em termos de rentabilidade e tiveram desempenho superior ao do mercado, com uma média de retorno total de 27,46% comparado a 22,14% do mercado geral.
Com foco no mercado financeiro conseguimos identificar ações crescentes no “G”, buscando ética e transparência, que são fundamentais para impulsionar o desempenho e aumentar a confiança do investidor, por exemplo. Empresas que combatem a corrupção e adotam padrões elevados de integridade demonstram um compromisso com a responsabilidade corporativa. Isso atrai investidores preocupados com a sustentabilidade.
As práticas ESG também estão associadas a prestações de contas mais transparentes. Organizações que divulgam informações detalhadas sobre suas iniciativas oferecem transparência aos investidores, permitindo que eles tomem decisões assertivas. Isso não apenas fortalece a confiança do investidor, mas também ajuda a identificar áreas de melhoria e otimização de recursos.
Outra vantagem significativa é o impacto positivo no desempenho financeiro das empresas que, comprometidas com a sustentabilidade, tendem a superar seus concorrentes não apenas em termos de reputação, mas também em rentabilidade a longo prazo.
O papel dos bancos
Posso afirmar com segurança que os bancos têm um papel crucial nisso. São as instituições financeiras que atuam como propulsoras do desenvolvimento sustentável. São elas que instigam as práticas necessárias para suprir a agenda de sustentabilidade. Por exemplo, em 2020, 20% do crédito concedido pelos bancos foi destinado às empresas associadas ao que chamamos de economia verde.
Atualmente, 22% da carteira de crédito dos bancos se destina a esses segmentos, totalizando, aproximadamente, R$ 400 bilhões. Mais recentemente, o Conselho de Autorregulação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aprovou uma norma que prevê a comprovação de que frigoríficos não estão comprando gado criado em zonas de desmatamento na Amazônia Legal e no Maranhão para conseguirem empréstimos.
Por isso, digo que os bancos são capazes de ampliar ainda mais a participação das empresas em práticas que visam um desenvolvimento financeiro consciente e sustentável. Ao adotar as diretrizes ESG, as organizações estão construindo uma base robusta para o sucesso a longo prazo. Isso não apenas atrai investidores, mas também aumenta a resiliência empresarial.
Investidores e empresas que abraçam esses princípios estão colhendo os benefícios de um mercado mais ético, transparente e financeiramente sólido. O movimento ESG não é apenas uma tendência, mas uma revolução que está moldando o futuro do mercado financeiro.
*Gustavo Valadares é cofundador da Simply e diretor da unidade Sinqia Digital, da empresa de tecnologia Sinqia.
Este é um espaço editorial, onde são publicadas análises e opiniões de especialistas de mercado e executivo(a)s com temas de interesse do ecossistema de fintechs. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
Veja também:
ESG, marca e reputação: quais os ganhos para o setor financeiro?
O novo capitalismo já nasceu e está totalmente alinhado à paixão