Por Rogerio Melfi*
A crescente popularidade dos NFTs (tokens não-fungíveis) está preparando o caminho para a popularização do DeFi (sigla em inglês para finanças descentralizadas) e do real digital, dois conceitos que estão mudando a forma como as pessoas lidam com o dinheiro e a propriedade.
Os NFTs são tokens digitais únicos que representam propriedade de bens virtuais, como arte, música, ingressos e outros bens. Baseados em tecnologias descentralizadas, como o Ethereum, permitem que os usuários tenham propriedade verdadeira e exclusiva de bens digitais. Essa propriedade, por sua vez, é registrada na blockchain, o que garante a sua segurança e transparência de forma descentralizada.
É importante pensarmos que a popularidade dos NFTs tem sido fortemente impulsionada pela crescente aceitação da tecnologia blockchain e pela alta demanda por bens virtuais. Isso tem levado as pessoas a aprenderem sobre tecnologias descentralizadas e a entenderem como elas podem ser usadas para garantir a propriedade e a segurança dos bens digitais.
Segundo relatório feito pela plataforma de dados Statista, em 2022, cerca de 5 milhões de pessoas no Brasil possuem NFTs, aproximadamente 2,3% da população. Nesse ranking, o Brasil fica atrás da Tailândia, com 5,6 milhões de usuários ativos da tecnologia.
Já o DeFi é uma extensão natural desse conceito. Ele se refere às aplicações financeiras que são baseadas em tecnologias descentralizadas, como blockchain, e que permitem às pessoas terem acesso a serviços financeiros sem a necessidade de intermediários. Isso inclui itens como empréstimos, pagamentos e investimentos.
Baseado no princípio da descentralização e na eliminação da necessidade de intermediários financeiros tradicionais, o DeFi permite aos usuários o maior controle sobre seu dinheiro e suas finanças, além da segurança e transparência.
Nesse sentido, importante destacar que o real digital, também conhecido como CBDC (moeda digital do Banco Central), pode ser a resposta do sistema financeiro tradicional para o DeFi, pois trata-se de uma moeda digital emitida pelo Banco Central, e tem como objetivo atribuir novas funcionalidades à moeda. Proporcionando a mesma segurança sobre transações aos brasileiros, o real digital é capaz de permitir a inclusão financeira, aspecto tão importante em nosso país ao meu ver.
Com previsão de lançamento para o próximo ano, vale ressaltar que o real digital ainda está em fase de estruturação e deve ter sua implementação prevista, em um primeiro momento, somente para os níveis bancários e institucionais (atacado). Tudo isso de forma a garantir que o sistema esteja completo, seguro e eficaz, evitando possíveis problemas de escalabilidade. Em um futuro próximo, é esperado que o real digital esteja sim disponível para uso no varejo, permitindo que as pessoas realizem transações financeiras com este ativo.
Acredito que essa é a hora de começarmos a experimentar e nos familiarizar com as NFTs e serviços financeiros descentralizados, pois embora essas tecnologias ainda estejam em constante transformação, possuem total potencial de revolucionar a forma como lidamos com dinheiro e ativos.
Na ABFintechs, temos comitês dedicados a pautas relacionadas ao mercado de fintechs, que contam com a participação dos associados e mantenedores da associação, para que assuntos como DeFi e real digital sejam explorados e já estejam no radar de todos.
*Rogerio Melfi é membro da curadoria de eventos e comunicação da ABFintechs.
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