Por Renata Marini*
Nos últimos anos, tem acontecido um aumento significativo no investimento em fatores ESG (Environmental, Social, and Governance, na sigla em inglês) por parte do setor financeiro. Em outras palavras, os investidores estão reconhecendo cada vez mais a importância de considerar critérios ambientais, sociais e de governança em suas estratégias. Inclusive, uma pesquisa global da EY, intitulada “Global Reporting and Institutional Investor Survey”, mostrou que 99% dos investidores utilizam as divulgações ESG das empresas como parte de suas decisões de investimento.
Aliás, as instituições financeiras e os órgãos reguladores no Brasil estão atentos a essas mudanças. A Febraban, por exemplo, anunciou em 2023 uma autorregulação que estabelece que, a partir de 2026, os bancos só poderão conceder empréstimos a frigoríficos que comprovem que não compram gado proveniente de áreas desmatadas ilegalmente. A adesão é voluntária, mas 21 empresas se comprometeram logo de início.
Sem contar inúmeras outras iniciativas, algumas inéditas no mundo. No Brasil, o Banco Central foi pioneiro ao lançar a Resolução 4.327, em 2014, que contém diretrizes para uma Política de Responsabilidade Socioambiental nos negócios e nas relações com clientes. Essa resolução foi anunciada na Rio+20, em 2012, no Rio de Janeiro. Posteriormente, várias outras normativas foram lançadas pelo BC.
Esse novo cenário reflete, então, uma crescente conscientização sobre a necessidade de promover práticas sustentáveis e responsáveis para enfrentar os desafios globais, especialmente em um contexto pós-pandemia. Além disso, investir em ESG tem se tornado uma ferramenta importante de mitigação de riscos e proteção dos negócios a longo prazo.
Marca e legado
Quando falamos em marca, reputação e legado, o investimento em ESG se torna imprescindível. À medida que os consumidores se tornam mais conscientes das questões ambientais e sociais, eles estão exigindo cada vez mais que as empresas atuem de forma ética e responsável. Dessa forma, as empresas que adotam uma postura proativa em relação às questões ESG têm uma maior probabilidade de construir uma imagem positiva junto aos consumidores, o que pode resultar em maior lealdade à marca e aumento nas vendas.
Além disso, cada vez mais estamos presenciando uma grande concorrência no segmento de serviços financeiros, com o crescimento e o surgimento de novas fintechs. O Brasil, aliás, já é considerado o maior ecossistema de fintechs da América Latina, de acordo com o Ranking Global Fintech de 2021. O investimento em ESG, portanto, se torna um grande diferencial, trazendo ganhos expressivos em competitividade.
A adoção de práticas ESG também pode fortalecer as relações com outras comunidades, como acionistas, funcionários e reguladores. Esses grupos estão cada vez mais interessados em como as empresas estão abordando as questões ESG e podem recompensar ou penalizar as empresas com base em suas ações. Uma postura positiva em relação aos fatores ESG pode gerar uma maior confiança no mercado, melhorando a relação com eles e promovendo uma imagem de responsabilidade corporativa.
As empresas precisam entender, mais do que nunca, que existem múltiplos capitais além do financeiro, como o cultural, tecnológico e ambiental. Se você se concentrar apenas no aspecto financeiro, estará perdendo uma vantagem competitiva nos outros aspectos.
A adoção de critérios ESG, portanto, não apenas cria valor a longo prazo para as empresas, mas também desempenha um papel fundamental na construção de uma marca forte e de um legado mais sustentável. Assim, é essencial que o setor continue a impulsionar essa mudança para garantir um impacto positivo tanto nos negócios quanto na sociedade.
As opiniões neste espaço refletem a visão dos colunistas, e não a do Finsiders. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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