Por Gerard Doornbos*, para o Finsiders
O segmento de banking foi um dos mais beneficiados pelo avanço da transformação digital, mudando a relação entre o consumidor e as empresas financeiras e favorecendo a aparição de novos players no mercado por meio das fintechs e dos neobanks. As fintechs, inclusive, representam a maioria das Emerging Giants no Brasil, respondendo por 27,6% do total de empresas com esse perfil, segundo pesquisa produzida pela KPMG e Distrito Dataminer que analisou 105 organizações brasileiras do setor.
De acordo com dados do Distrito, são mais de 1.280 fintechs em operação no país. Pode-se dizer que o cenário de sucesso foi influenciado, também, pela implementação do Open Banking – ou Open Finance, como foi rebatizado pelo Banco Central –, que contribuiu com a diminuição de barreiras, gerando mais iniciativas de concorrência e inovação tecnológica a partir de fevereiro de 2021.
Atualmente, um ano após o início da segunda fase do projeto, é possível observar um crescimento ainda maior do conceito de ‘bank as a platform’ (isto é, banco como plataforma) e das chamadas “fintechs 2.0”. Ambos voltados a serviços mais integrados, flexíveis e com o envolvimento de uma ampla gama de indústrias, cujo ingresso na transformação digital foi impulsionado pela pandemia.
Com isso, alguns serviços tradicionalmente oferecidos por bancos – como empréstimos, envio de dinheiro, seguros, investimentos e criação de moedas criptográficas e sociais, por exemplo – passam a ser disponibilizados em plataformas colaborativas, nas quais existe uma maior interação social, uma melhoria na eficiência do serviço e um preço e um serviço final com melhores condições para o utilizador.
Nesta “nova onda” de produtos financeiros, a tecnologia é em grande parte impulsionada pela Inteligência Artificial (IA) e um maior poder computacional orientado não apenas para criar uma maior eficiência nas transações atuais, como para redefinir fluxos e revolucionar ainda mais a relação entre o cliente e as instituições financeiras.
O uso de tecnologias como IA e big data possibilita a oferta de produtos cada vez mais customizados e assertivos. Aliás, o uso da tecnologia não se limita apenas às funcionalidades internas de um de ‘bank as a platform’ e/ou de fintechs. Segundo relatório divulgado pela Bitrise, os dispositivos móveis impactam 75% da receita geral dos negócios envolvendo o ambiente bancário e financeiro.
Isso porque, de acordo com a pesquisa, as empresas financeiras e bancárias são particularmente impactadas pela adoção de aplicativos móveis pelos consumidores, que os utilizam cada vez mais para tudo: de pagamentos e serviços bancários até investimentos e planejamento financeiro. Ainda segundo o levantamento, entre janeiro de 2020 e outubro de 2021, o número de usuários ativos diários de aplicativos de fintechs aumentou 337%.
Diante, portanto, de um novo perfil de consumidor – cada vez mais conectado e em busca de conveniência, segurança e agilidade –, o desenvolvimento de novas aplicações e a implantação de metodologias ágeis para atender as necessidades do mercado e atrair investimentos também são outros dois fatores que se tornam ainda mais imperativos às empresas.
Nesse sentido, algumas tecnologias em alta estão associadas à adoção de uma infraestrutura em nuvem para ganhos de eficiência e escalabilidade operacional — a implementação do chamado ‘experience banking’ que transforma os produtos e serviços para criar experiências surpreendentes aos usuários e soluções de cibersegurança, que visam a proteger as empresas de roubo de dados, além de mantê-las em conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).
Afinal, na era da jornada digital intuitiva, pessoal, eficaz e transparente, para sair na frente é preciso apostar em produtos e serviços personalizados, interface simplificada e fácil acesso a canais de atendimento ao consumidor, obtidas somente por meio da soma entre investimentos em soluções tecnológicas robustas e a entrega de experiências ágeis, seguras e efetivas às necessidades dos clientes.
*Gerard Doornbos é especialista em tecnologias aplicadas a serviços bancários e VP de negócios da Softtek Brasil, fornecedora de soluções de TI e processos de negócio.
As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo autor do texto.
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