Artigo | Equilíbrio financeiro e bem-estar estão intimamente ligados

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Por ​Eduardo Del Guerra Prota*, exclusivo para o Finsiders

O brasileiro é, antes de tudo, um endividado. E quem diz isso não é Euclides da Cunha — são os números. As últimas pesquisas da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que 12 milhões de famílias brasileiras têm dívidas. Isso quer dizer que quase 75% das pessoas estarão endividadas nos próximos meses, pagando cheque especial, cartão de crédito, carnê de loja, etc.

Essa estatística atinge todas as classes sociais, uma vez que a dívida é algo normal — ela só passa a ser um problema quando não é honrada ou quando compromete o pagamento de outras obrigações dentro do orçamento.

Vários dos países mais ricos do mundo têm dívidas, incluindo EUA, China, Alemanha etc. Assim como várias pessoas com bastante grana têm parcelas a pagar em suas faturas, financiamento de carros ou de apartamentos nos próximos meses. Crédito faz parte das nossas vidas.

Oficialmente, tanto os países como as pessoas estão endividadas, mas isso não significa que elas estejam com problemas financeiros. É possível fazer um empréstimo ou comprar algo parcelado (duas fontes de dívidas bem comuns) sem sobrecarregar o fluxo de caixa.

O crédito faz parte da economia e deveria fazer parte de qualquer planejamento financeiro. Um empréstimo pode ser, inclusive, uma alternativa para o pagamento de débitos. Parece uma solução fácil e rápida? E é, desde que você avalie se solicitar crédito é vantajoso ou não para a realidade.

A escolha da opção de crédito errada para seus objetivos (a cultura de “pagar crédito com crédito”, por exemplo) pode causar um efeito bola de neve nas dívidas. Daí a existência da lei do superendividamento, aprovada para combater situações nas quais a pessoa já é incapaz de pagar o que deve porque o valor devido superou a renda — são 30 milhões de brasileiros nessa situação.

É por isso também que muita gente considera o cartão de crédito um vilão. Existem mais de 130 milhões de cartões de crédito no Brasil e 85% das dívidas das pessoas vêm deles. É um produto muito fácil, né? É só fazer um cadastro e no dia seguinte ele já está na sua casa com limite disponível.

É acessível, rápido e pouco burocrático. Mas não é barato. Muitas vezes, os juros de um cartão de crédito são mais altos do que os de outro produto de crédito. Se você perder o controle, pode se complicar.

O problema é que um estudo recente mostrou que as pessoas sentem ter pouco ou nenhum controle sobre suas vidas — 31% delas por causa das finanças, afetando diretamente a autoestima, além de causar ansiedade, insônia, depressão, dentre outros transtornos.

Neste cenário, conseguir planejar os gastos cotidianos ou os grandes planos da vida pode ter um efeito ótimo no bem-estar do indivíduo. E isso é possível.

Basta que a gente comece a desmistificar essa relação hostil que as pessoas têm com o dinheiro e a incorporar o cuidado financeiro numa rotina também de autocuidado. Assim, ter um equilíbrio entre saber gastar e saber guardar pode, literalmente, fazer bem.

*​Eduardo Del Guerra Prota, CEO do banco digital N26 no Brasil.

As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado, e não a do Finsiders.

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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders, além de artigos de executivos do setor

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