* Fabiany Lima
No mercado nacional e internacional, o que mais nos deparamos é com investimentos em startups e empresas de inovação em números redondos: R$ 400 mil, R$ 500 mil, um milhão… Tais número “cabalísticos” são os mais frequentemente pedidos por empreendedores que costumam buscar por aportes.
Mas, mais do que pensar em um “número mágico”, esses empresários devem se preocupar é em definir onde o dinheiro será aplicado e como. Essa é uma pergunta que muitos investidores fazem e, infelizmente, acabam não recebendo respostas precisas. E aí que moram muitas frustrações em rodadas de investimentos.
Quando uma pessoa ou grupo tem um valor a ser aplicado e resolve fazê-lo em startups, quer ter garantias mínimas de que o valor será propriamente usado. Por isso, o fundador precisa saber calcular e planejar o que fazer com esse montante. Como empreendedora em série e atualmente consultora de investimentos, entendo que a definição do “quanto” deve partir do “para que”.
Seja para manter a operação por um tempo, aumentar a base de clientes (com o time adicional) ou melhorar campanhas de marketing e alcance da marca, o alvo deve existir, sendo calculado com base no valor fixo indispensável para continuar rodando independente de ter receita, já projetando um cenário de pelo menos 12 meses. Dentro dessa previsão, deve-se incluir previsão de receita e reinvestimento adicional para o crescimento do negócio. Em alguns casos, é preciso ainda fazer alguns direcionamentos específicos (em time ou patente, por exemplo).
Vale pensar no quanto quer crescer e acelerar, tentando sempre alcançar o break even (quando a receita supera os custos fixos e variáveis) dentro do período em que considera para uma próxima rodada de investimento. Esse momento de equilíbrio financeiro é super importante para o negócio e o torna mais interessante para os investidores, facilitando a chegada a uma próxima rodada.
Pense, portanto, em três pontos principais: sobrevivência, break even e “milestones” (o que quer alcançar com a rodada). Bem ou mal, atingindo as metas de vendas ou não, é preciso sobreviver, incluindo devidos pagamentos com os impostos e salários do time equivalentes ao mercado, deixando uma “gordura” caso precise remanejar custos.
Lembre-se que o jogo do investimento é uma roda viva: uma vez que você entre, é uma constante – sempre tem que estar projetando e justificando o que fará nas rodadas seguintes.
*Fabiany Lima é diretora geral da DiliMatch, uma consultoria estratégica para investidores e startups que procuram por investimento