Não, essa conversa não é sobre derivativo no sentido de produtos financeiros derivados de um ativo, como contratos futuros de dólar. É um pouco diferente.
Refiro-me aqui a palavras derivadas da palavra fintechs – que por sua vez já é uma invenção, uma composição, do inglês, de finanças com tecnologia. Nas minhas conversas e entrevistas com gente do mercado, tenho conhecido derivativos como femtech, findata, fintail e techfin. Fintechs de impacto social, certificadas com selo de B-Corp, logo vão achar um derivativo da palavra fintech para chamar de seu.
Parece mesmo uma tendência, cujo objetivo é diferenciar um negócio no meio da maioria. Na forte onda de crescimento que elas vêm surfando nos últimos anos, esses neologismos ajudam a criar nichos dentro de nichos.
Fintail é a invenção mais criativa que encontrei até agora, citada pelo presidente do Banco Carrefour, Carlos Mauad, em entrevista ao canal no Youtube do portal Fintechs Brasil na semana passada. Fintail seria a fusão das palavras fintech e retail (varejo). Segundo Mauad, a vocação da instituição que preside é ser fintail – nem banco, nem mais uma fintech.
Techfin vem sendo usada por empresas que são mais de tecnologia do que de finanças – ou seja, uma inversão do conceito fintech. As techfins inclusive prestam serviços para fintechs e outros clientes do mercado financeiro. Um bom exemplo é a Hub Fintech, de Alexandre Brito.
Findata eu ouvi a primeira vez de Bernando Bonjean, CEO e fundador da Avante, fintech de microcrédito. “Não somos uma fintech, somos uma findata. Nossa tecnologia é baseada em dados, sem isso seria impossível aprovar crédito para clientes sem histórico no sistema financeiro formal. A maioria dos nossos clientes são NV – nunca vi”, diz.
Já femtechs é o termo usado para fintechs criadas, geridas e lideradas por mulheres empreendedoras. Na verdade, o termo se aplica a empresas de tecnologia de forma geral. Embora estejam ganhando destaque mais recentemente, femtechs entre fintechs ainda são raras, mas procurei e entrevistei duas delas: a Dindin – que foi comprada agora pelo Bradesco, mas foi criada por Stephanie Fleury em 2017 – e a PagAgro, uma Agtech criada por Larissa Pomerantzef em 2019.
Me apresentem outros desses derivativos! Tenho certeza de que muitos mais vão surgir em breve.