Embora o varejo esteja familiarizado com muitas inovações em pagamentos, há um desafio significativo. De acordo com uma pesquisa recente da Cielo, apenas 15% dos varejistas sabem o que é o Real Digital. É uma lacuna de conhecimento sobre um dos projetos mais importantes do Banco Central (BC). E reforça a necessidade de uma reflexão sobre como o setor de meios de pagamento pode desempenhar papel fundamental na educação e inclusão tecnológica do varejo.
O Real Digital, ou Drex, está em fase de desenvolvimento e tem o objetivo, assim como foi com o Pix, de revolucionar o mercado. Sua introdução vai além da simples digitalização da moeda. Ele é projetado para ser uma ferramenta de inclusão financeira, com o potencial de alcançar brasileiros que ainda estão fora do sistema bancário. De acordo com a pesquisa do Instituto Locomotiva, em 2023, 4,6 milhões de brasileiros não tinham conta bancária.
Educação e serviços de valor agregado
Diante disso, a pergunta que surge é: como as empresas podem apoiar os comerciantes nessa jornada de adaptação? Acredito que o foco deve estar em dois eixos principais. Um deles é comunicar de forma clara e educativa os benefícios da novidade. O outro é desenvolver serviços de valor agregado, adequados à realidade de cada negócio.
Quando pensamos na educação do mercado, é fundamental que a aplicabilidade da tecnologia esteja bem definida para quem pretende adotá-la. No caso do Real Digital, é preciso massificar o entendimento sobre o que ele trará para o processo de compra e venda, tanto on quanto offline. Os avanços nos meios de pagamento já demonstram melhorias nos resultados dos varejistas. E a aceitação de múltiplas formas de pagamento tende a ampliar essas vantagens.
O Real Digital traz consigo questões como a prevenção à lavagem de dinheiro, prevenção das fraudes e o uso de contratos inteligentes (smart contracts). Tudo isso promete automatizar transações, tornando o processo de pagamento mais eficiente e seguro. No entanto, é essencial que os varejistas não apenas compreendam a tecnologia, mas também tenham as ferramentas adequadas para operá-la.
Capacitando PMEs
Aqui, o papel das empresas de tecnologia e do setor de meios de pagamento é decisivo. Não basta apenas inovar, é preciso capacitar o mercado com soluções que sejam aplicáveis e simples de usar, especialmente para pequenos e médios empreendedores. A combinação desses fatores garante que as transações sejam eficientes a todos. O objetivo, assim, é proporcionar uma experiência de compra superior tanto para o cliente quanto para o lojista.
O Drex também pode transformar o setor ao facilitar transações internacionais e reduzir o tempo de processamento, eliminando intermediários e ampliando a segurança nas transações.
O Real Digital tem o potencial de ser mais do que uma inovação tecnológica. Ele pode ser a chave para um varejo mais inclusivo, eficiente e conectado. Para que isso se concretize, todos os atores envolvidos – desde o BC até as empresas de tecnologia – precisam se unir em torno de um objetivo comum: preparar o mercado e os comerciantes para o futuro dos pagamentos digitais.
E você, está preparado para esse futuro – não tão distante – dos meios de pagamento?
*Vice-presidente de Tecnologia e Negócios na Cielo.