Por Anderson Lucas*, exclusivo para o Finsiders
Com o avanço da tecnologia e o surgimento de inovadores meios de pagamentos a todo instante, o mercado financeiro e as grandes empresas de varejo se deparam com um novo modelo de negócio para oferecer ao consumidor: o ‘embedded finance’ ou, na tradução livre, ‘finanças embarcadas’.
O sistema permite a integração de serviços diversos em um mesmo canal de atendimento, o que dá a possibilidade de se realizar transações financeiras e não-financeiras de uma maneira centralizada, sem a necessidade de passar por diferentes “camadas” — o que, muitas vezes, pode gerar ruídos e experiências mais complexas.
Uma pesquisa recente realizada pela FIS, com foco em ‘embedded finance’, mostra que os entrevistados, mesmo não tendo familiaridade com a nomenclatura deste modelo, já o reconhecem em seu dia a dia.
A pesquisa, que mapeou diferentes gerações, aponta que há grande adesão entre elas quando questionadas sobre o interesse em aderir ao ‘embedded finance’: geração Z (18-24 anos), com 56%; geração Y (25-40 anos), com 59%; e geração X (41-54 anos), com 54%. Já os boomers (55 anos +) aparecem com 42%.
Para atender esta ampla parcela de consumidores disposta a aderir ao ‘embedded finance’, um dos desafios é a oferta de um serviço seguro, ágil e customizado para que a jornada de cada consumidor seja não apenas positiva, mas interessante e atrativa dentro de um app ou no site varejista, por exemplo.
Entre as fintechs, já observamos a oferta de cartões de crédito e outras contas digitais com diferentes possibilidades quando se fala em serviços financeiros. Já os bancos também podem oferecer uma variedade de opções relevantes com o objetivo de fidelizar e aproximar a relação com seus clientes.
A pesquisa revela, por exemplo, que os programas de fidelidade que oferecem vantagens para quem realiza compras recorrentes são um grande motivador para os consumidores. Tanto é que 45% dos entrevistados preferem ter um cartão de crédito aliado ao seu plano de fidelidade. E esta opção é a favorita da geração Y, com 53%, seguida da geração X, com 50%. Além disso, 49% do público faria parte de um programa de fidelidade por meio de um aplicativo móvel.
A fidelização é mais provável à medida que os usuários acessem serviços disponíveis integrados, que permitem a contratação de empréstimos, fazer compras, realizar investimentos ou fazer um seguro — e tudo isso por meio de uma só plataforma.
O estudo confirma o interesse das pessoas por novas soluções. Entre os participantes, 55% responderam ser muito provável a possibilidade de ir a uma loja ou supermercado para fazer compras sem o seu cartão físico, pagando via celular — seja por meio de uma carteira digital, cartão virtual ou Pix.
Já para 62% das pessoas, é mais rápido e fácil comprar e pagar pelo check-out-free, que já está disponível no Brasil em alguns supermercados e lojas. Este modelo de transação ocorre quando não há caixas físicos para efetuar o pagamento; este deverá ser realizado de forma digital, por meio do cartão de crédito e/ou débito cadastrado e por QR Code.
Os bancos tradicionais foram mencionados por 69% dos participantes como sendo o canal ideal para a contratação de modelo de ‘embedded finance’, seguidos de fintechs e neobanks, com 59%; marcas do varejo aparecem com 25%.
Para tanto, vale considerar a relevância da democratização da informação sobre o ‘embedded finance’, com destaque para a série de benefícios que este sistema pode conferir ao dia a dia dos consumidores.
É possível afirmar que a jornada e a experiência do consumidor dentro dos aplicativos móveis ou sites de varejo serão cada vez mais convenientes, proporcionando facilidade e rapidez.
O ‘embedded finance’ veio para revolucionar o universo dos meios de pagamentos, criando flexibilidade para o usuário, além de possibilidades e caminhos de fidelização para o mercado. É chegada a hora de conhecer, observar e buscar as novas oportunidades que estão à nossa porta.
*Anderson Lucas é vice-presidente de negócios da FIS para a América Latina.
As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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