Opinião

Interoperabilidade de pagamento impulsiona inclusão financeira na América Latina - John Paz/Pomelo

John Paz*

A América Latina vem registrando, nos últimos anos, crescimento acelerado no setor de fintechs. Nesse cenário, a interoperabilidade financeira – capacidade dos diferentes sistemas e plataformas digitais compartilharem informações de maneira eficiente e rentável – tem papel essencial ao promover a colaboração entre os players desse ecossistema, possibilitando maior inclusão e oferecendo benefícios significativos para diferentes usuários.

Esse é um fator essencial não só pelo incentivo à concorrência e à inovação, mas por acelerar e facilitar a movimentação de dinheiro. A interoperabilidade também é especialmente importante no nosso continente porque, além de resolver desafios de acesso a serviços financeiros, pode contribuir com a integração de sistemas entre os países.

Dentre os exemplos dessa aplicabilidade está o pagamento com QR Code, um dos produtos-chave já usados na região e que veio acelerar de forma significativa o caminho para a inclusão. Essa forma de transação permite que o usuário faça compras ou vendas independentemente do banco ou fintech em que tenha sua conta. Isso facilita e melhora sua experiência para que, em poucas etapas e com o próprio celular, tenha a opção de escolher com qual carteira fará suas compras. Como parte desse processo de ampliar oportunidades para os consumidores, as fintechs e bancos estão aprimorando o produto, agregando cartões de crédito dentre as formas de pagamento com QR Code sem incidência de juros.

Apesar dos avanços, a América Latina ainda enfrenta desafios significativos nesse processo. Um deles é a falta de modernização da infraestrutura financeira, cuja tecnologia é da década de 1980. Também é relevante o fato de que grande parte da população ainda não tem acesso a serviços como contas bancárias, cartões de crédito ou empréstimos. Isso se deve a vários fatores, como ausência de infraestrutura em áreas remotas, falta de documentação necessária para abrir uma conta – como comprovante de renda e de trabalho formal – e a desconfiança de parte da população em relação ao sistema bancário.

A interoperabilidade chega justamente para ajudar a superar esses desafios, permitindo que diferentes provedores se comuniquem e ofereçam serviços por meio de plataforma compartilhada. Em paralelo, vários países, como o Brasil, já estão adotando o próximo passo evolutivo: finanças abertas ou Open Banking, modelo que reduz barreiras e custos para que qualquer pessoa possa acessar o serviço financeiro que melhor se adapte às suas necessidades.

Essa dinâmica promete transformar o cenário monetário, oferecendo aos consumidores uma experiência mais integrada e, aos provedores de serviços, novas oportunidades de negócios. O Open Baking expandirá o acesso a serviços desbancarizados na região e, ao permitir o intercâmbio seguro de dados entre instituições, facilitará a criação de soluções inovadoras adaptadas às necessidades dos consumidores.

Nesse cenário, mesmo com obstáculos no caminho, o mercado avança para oferecer possibilidades cada vez melhores para o consumidor. O Open Banking é um dos exemplos de como a tecnologia pode ser uma aliada nesse processo. Na Pomelo, estamos convencidos do potencial dessas ferramentas e da contribuição que podemos dar. Por meio de nossa tecnologia, mais empresas podem oferecer seus próprios produtos financeiros e, assim, ajudar mais pessoas a acessar de cartões de débito e crédito a pré-pagos e cripto de maneira ágil e segura.

*John Paz é COO e Country Manager Brasil da Pomelo, empresa latino-americana de tecnologia financeira que desenvolve soluções para fintechs e empresas em processo de transformação digital.