Money 20/20: Metaverso, crypto, BNPL e as principais tendências do setor

Realizado em Amsterdam, o Money 20/20 colocou em pauta temas como crypto payments, metaverso e BNPL, escreve Carolina Rocha, do Bexs

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Por Carolina Rocha*, com exclusividade para o Finsiders

 

Reunindo as empresas e os profissionais mais inovadores do ecossistema de pagamentos e produtos financeiros, a Money20/20 Europe é uma vitrine para alguns dos nomes mais conhecidos e de crescimento mais rápido do setor.

Com mais de duas mil empresas presentes, o evento, que ocorreu neste mês em Amsterdam, colocou em pauta temas como crypto payments, metaverso, Open Banking e ‘buy now, pay later’ (BNPL) – tendências que, cada vez mais, se aproximam do universo das fintechs.

As criptomoedas foram a temática central do evento em diversos painéis e rodadas de negócios. O tópico gerou muita curiosidade entre os presentes, dada a sua crescente procura e inserção em diversos portfólios –- apesar de sua volatilidade.

Vale lembrar que os bancos estiveram no controle do sistema monetário por um longo tempo, e agora também se mostram muito atentos no tema da custódia de criptoativos, podendo oferecê-los por meio de ‘super apps’, com intenção de atrair a geração Z.

Outro ponto que fica em destaque quando se fala em criptomoedas é a segurança. Os perigos dos pagamentos de criptomoedas e seu crescente uso em fraudes foram destaques nos debates. Foi dado um exemplo em fraudes em pagamentos instantâneos em países da Europa, em que os recursos são destinados pelos fraudadores a carteiras de crypto, já que são descentralizadas.

A colaboração entre reguladores e inovadores, players do mercado privado, foi mostrada como o caminho para chegar a um ponto em que o mercado possa ser seguro e protegido. Além disso, a educação voltada aos investidores é importante porque é uma indústria que traz muitos conceitos novos.

A temática do metaverso circulou bastante entre os painéis da Money 20/20, com comparações com o universo de gaming já existente, além de especulações acerca da experiência do usuário –- principalmente a criação de uma identidade pessoal, métodos de pagamentos, comunicação e gerenciamento de riscos.

De acordo com dados da consultoria internacional McKinsey & Company, os gastos globais no metaverso podem chegar a US$ 5 trilhões até 2030. No evento, ficou o questionamento de quem irá governar este universo paralelo e o papel do blockchain na criação de uma economia descentralizada.

Além disso, alguns presentes se mostraram preocupados com o metaverso em termos de acessibilidade, já que a entrada ao ambiente se dá pelo óculos de realidade virtual, que tem custo expressivo, ou seja, irá se restringir em primeiro momento a uma camada menor da população.

Hoje, o tema da democratização dos serviços financeiros é importante nas novas implementações nos ambientes de Open Banking, pagamentos instantâneos, na bancarização de pessoas por meio de fintechs, se alinhando às prioridades conferidas pelo G20 para a melhora dos pagamentos internacionais no que se refere a custos, tempo, transparência e acesso.

Carolina Rocha, consultora do Grupo Bexs (Foto: Divulgação)

As oportunidades para pagamentos cross-border também foram mencionadas durante a Money 20/20, já que em um universo etéreo será fluido acessar outros lugares e cruzar fronteiras de comércios locais.

Imagina-se que todos os produtos do metaverso serão vendidos em formatos de NFTs. Assim, poderão transformar a experiência de compra em ‘phygital’, ou seja, uma junção entre o universo físico e o digital, já que as lojas podem oferecer a experiência visual da loja física dentro do metaverso.

O Open Banking já é um tópico relevante no evento há alguns anos, mas há sempre possibilidades de inovação e melhor convergência entre tecnologias e dados. Cada vez mais as empresas estão criando conexões entre si e nas camadas internas de seus produtos para uma experiência do usuário sem fricções.

O consumidor atual espera uma experiência altamente personalizada e instantânea, com respostas em tempo real para quaisquer interações, e a camada do pagamento não deve ser esquecida ou ser acessória na construção da jornada do cliente, afinal também gera sentimentos.

Outro grande destaque durante a Money 20/20 foi sobre o anúncio da Apple, na véspera da conferência, de que estava entrando no mercado ‘buy now, pay later’ (BNPL) ainda este ano com o lançamento do Apple Pay Later, como parte da nova funcionalidade do iOS 16.

Os usuários do Apple Pay nos EUA poderão dividir qualquer compra em quatro parcelas, pagas ao longo de seis semanas, sem juros e sem taxas de qualquer tipo.

De acordo com levantamentos do Fortune Business Insights, o tamanho global do mercado de BNPL foi avaliado em US$ 15,91 bilhões em 2021. O mercado deve crescer para US$ 22,86 bilhões até o final de 2022. Em 2029, a perspectiva é de um montante de US$ 90,51 bilhões.

O BNPL possibilita que o consumidor possa pagar pelas suas compras em parcelas cobradas ao longo de um período, em um modelo similar ao de um financiamento. Ou seja, o cliente não precisa ter o valor total do produto que deseja no ato da compra para concluir a transação. Este método de pagamento já é forte em e-commerces internacionais e no Brasil se encontra em ascensão.

Sex, drugs & rock and roll

A Money 20/20 contou, ainda, com um palco chamado Sex & Drugs & Rock and Roll, que trazia um ambiente descontraído em termos visuais, se espelhando no nome, como também nos temas trazidos.

Um dos painéis mostrava que as indústrias do sexo e cannabis somam mais de US$ 54 bilhões em valor de mercado, mostrando o alto potencial dos segmentos, porém é ressaltado os desafios e burocracias enfrentadas na operação desses negócios.

Convidados colocaram em pauta a necessidade de reconhecimento dos criadores de conteúdo desse segmento pela comunidade financeira, que normalmente caracteriza este tipo de negócio como de alto risco. Também foram debatidas questões como o dilema moral de ganhar a vida com conteúdo legal explícito e riscos de reputação de negócios semelhantes ao OnlyFans.

Nesses três dias, foram mais de 350 palestrantes trazendo discussões ricas, oportunidades e tendências para este dinâmico mercado, sendo insights que provavelmente vão moldar o futuro da indústria nos próximos anos, na Europa e além. Em poucos meses as discussões serão na Money 20/20 de Las Vegas, e acompanharemos os rumos e avanços desta indústria.

*Carolina Rocha é consultora do Bexs, banco de câmbio.

As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado, e não a do Finsiders.

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