Fabiano Nagamatsu*
O universo dos negócios inovadores vem crescendo de forma acelerada por meio das startups e gerando grandes transformações nas formas de empreender. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), de 2015 a 2019, o número de novas empresas aumentou 207%.
Apesar da recente estabilização, o mercado early stage, por exemplo, teve investimento de US$ 1,2 bilhão e de US$ 153 milhões em seed, no primeiro semestre de 2021. No ano passado, os números foram de US$ 1,3 bilhão e US$ 282 milhões, respectivamente. O que evidencia a contínua confiança no desenvolvimento e financiamento de novos negócios.
Hoje, as venture builders (VBs) – organizações conhecidas também como fábricas de startups, tanto internacionais quanto nacionais, continuam capitalizadas, acreditando em suas teses e continuamente exercendo o papel de alocar recursos no mercado de inovação. São companhias que atuam sistematicamente no desenvolvimento de outras empresas de base inovadora e tecnológica, aportando seus próprios recursos.
Porém, para tirar uma ideia nova (e muitas vezes ousada) do papel, os empreendedores precisam buscar recursos que vão além do aporte financeiro. Mais do que dinheiro, para desenvolver uma solução inovadora, é preciso contar com uma rede de pessoas experientes e que saibam como conduzir projetos.
Em consonância com essas tantas possibilidades, surgem também novos formatos de colaboração corporativa.
Geralmente, as VBs são baseadas na cultura de open innovation, portanto, em vez de criarem suas próprias startups, buscam soluções no mercado para desenvolvê-las. Por outro lado, as venture studios capital (VSC), reúnem investidores que estão muito mais envolvidos em startups e constroem ou cocriam negócios do zero.
Nesse novo modelo, a responsabilidade do crescimento dos negócios é compartilhada entre a empresa e o empreendedor. Isso mitiga o risco, mas também envolve um tremendo esforço da companhia, que fica fortemente ligada ao trabalho de protótipos, fornecendo recursos para os negócios na forma de mão de obra, capital e rede de contatos.
É um modelo para quem conta com recursos e sente paixão de semear negócios desde o início. A escola de pensamento aqui é controlar o resultado para que possa garantir algum ROI. Os venture studios alavancam recursos internos e parcerias externas para idealizarem suas próprias startups, combinando-as com fundadores experientes e orientando-as a entrar no mercado com sucesso. Além disso, possuem estruturas de tecnologia e mão de obra especializada “hands on” para contribuir com o desenvolvimento da solução.
Além disso, essas empresas também contam com perfis inovadores e investidores; oferecem disruptividade aliada à equipe e a recursos estáveis para construir companhias que podem, inclusive, necessitar de um roadmap de dez anos antes da lucratividade. Por meio desse modelo, os atores do negócio passam a navegar melhor nos mercados e aproveitam as oportunidades públicas e privadas de forma eficaz. Nesse contexto, várias startups diferentes são construídas em rápida sequência.
Com o crescimento das ações pautadas em venture studios, é provável que o mercado de startups fique mais racional, pois a estratégia das empresas vai estar cada vez mais na mira dos investidores. Eles, portanto, podem se portar de maneira mais exigente às métricas e aos segmentos mais específicos.
Ainda com cheques menores e mais cautela, aportes e investimentos continuarão acontecendo. Mesmo em um momento global de turbulência, a densidade e a profissionalização contínua do mercado, atreladas ao amadurecimento do ecossistema, tendem a ser cada vez mais uma equação assertiva para os investidores.
Em relação aos segmentos, mercados como fintechs, foodtechs e healthtechs sempre se mantêm em crescimento. É preciso entender profundamente a dor do setor que sua empresa busca atender e, assim, conectar-se com parceiros que possam oferecer mais expertise, trazendo insights e oportunidades desde a semente do projeto para garantir um impulso real.
*CEO da Osten Moove