Em fevereiro, o Open Finance no Brasil, um sistema bancário aberto que envolve o compartilhamento de dados bancários pessoais, completou três anos de operação. Atualmente, conta com mais de 800 instituições participantes, cerca de 42 milhões de consentimentos ativos e registra mais de 1 bilhão de chamadas de APIs semanais, conquistando o título de maior Open Finance do mundo.
Esses números representam, então, um crescimento notável para um projeto de médio/longo prazo, como é o Open Finance. Quando vistos em perspectiva de crescimento, demonstram um potencial extraordinário.
De acordo com a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023, a maioria dos entrevistados afirmou que apenas cerca de 10% da base de clientes já aderiu ao compartilhamento de dados, evidenciando o espaço que o ecossistema ainda tem para crescer.
Para conquistar mais consentimentos de compartilhamento de dados, é crucial que os clientes percebam o valor do Open Finance. Uma das maneiras de demonstrar isso é através da experiência do usuário, a qual tem um grande potencial de melhoria com o crescimento do Open Finance.
Hiperpersonalização
O processo de digitalização no sistema financeiro tem ganhado impulso nos últimos anos, em resposta à demanda crescente dos clientes por praticidade e agilidade em suas rotinas diárias. Nesse contexto, observa-se um aumento significativo nos investimentos para aprimorar a experiência do cliente, com o objetivo de facilitar o acesso a produtos e serviços financeiros a qualquer hora e em qualquer lugar.
Essa tendência tem muito a ganhar com o Open Finance, pois ele permite o processamento de uma grande quantidade de dados em benefício do cliente, possibilitando uma experiência de hiperpersonalização na relação com o sistema financeiro.
A personalização do serviço oferece ao cliente uma individualização da sua relação com a instituição financeira, com propostas e atendimentos que se encaixam melhor ao perfil de cada usuário.
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Além disso, com o Open Finance, o cliente também obtém uma visão mais abrangente do mercado, podendo facilmente visualizar as diversas opções disponíveis entre os prestadores de serviços, comparando rapidamente preços e outras características dos pacotes apresentados. Isso facilita a escolha da opção que melhor se adequa aos seus gostos e possibilidades.
A integração com outras tecnologias, como a inteligência artificial (IA), promete levar todos esses benefícios a um patamar ainda mais elevado.
‘Embedded finance’
Outra tendência impulsionada pelo Open Finance e que promete revolucionar a experiência do cliente com o sistema financeiro é a do embedded finance. A ideia de ter um serviço financeiro ‘embedado’ é permitir que instituições não financeiras ofereçam diretamente ao seu cliente final um serviço financeiro. Isso ocorre porque há uma instituição financeira por trás, possibilitando a efetivação do serviço.
Com a digitalização e a interoperabilidade promovidas pelo Open Finance, esse modelo de negócio tende a se expandir no sistema financeiro, tornando-se cada vez mais comum no dia a dia do consumidor. Embedded finance pode integrar completamente a experiência do cliente com o setor financeiro à sua rotina diária, permitindo acesso a pagamentos ou outros serviços financeiros diretamente no momento de efetuar uma compra ou financiar um carro, por exemplo.
A ideia é que, com as novas tecnologias e o avanço inovativo, o contato com o sistema financeiro aconteça de forma fluida, reduzindo as fricções para efetuar transações e adquirir novos serviços. É nesse sentido que o Open Finance, além de estimular a competição e a inovação no setor financeiro, também promete melhorar a experiência do consumidor, facilitando o acesso ao sistema financeiro e promovendo uma experiência mais ágil e eficiente.
* Pesquisadora do Instituto Propague e doutoranda em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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