OPINIÃO

Pix por biometria e o futuro dos pagamentos no Brasil

Para o consumidor, esta nova jornada é mais conveniente e melhora a experiência de compra, analisa executivo

Biometria
Biometria | Imagem: Gerd Altmann/Pixabay

Recentemente me peguei pensando sobre todas as possibilidades de pagamentos por Pix via Open Finance. Até alguns anos atrás, fazer transferências entre contas bancárias era algo que levava tempo, não era conveniente, além de exigir planejamento por parte dos clientes. Atualmente quebramos recordes de transferências de Pix com 227,4 milhões de operações, movimentando R$ 108 bilhões em um único dia. 

Além disso, grande parte da população brasileira também era excluída das compras online, por não possuírem cartão de crédito ou, novamente, forçada a enfrentar um sistema lento e complicado para o pagamento de boletos. 

Com o lançamento do Pix em 2020 e do Open Finance em 2021, o cenário e ecossistema de pagamentos vêm evoluindo rapidamente. De acordo com a Febraban, o Pix foi o meio de pagamento mais utilizado em 2023. Agora já imaginou fazer um Pix sem precisar copiar e colar o código e sem abrir o aplicativo do banco? 

Essa é a proposta do Pix por biometria, que será viabilizado pela chamada jornada sem redirecionamento (JSR). A funcionalidade ainda está em fase de testes e o lançamento será em fevereiro de 2025. Uma única autorização faz com que os clientes utilizem o Pix de forma contínua em diversas plataformas, oferecendo uma jornada mais conveniente. Basta utilizar Face ID, fazer leitura de digital ou inserir um PIN. 

Albert Morales, diretor-geral da Belvo no Brasil. Foto: Divulgação
Albert Morales/Belvo | Imagem: Divulgação

Impacto

Para varejistas, essa solução ajuda a impulsionar as vendas, já que diminui o abandono de carrinhos e aumenta a conversão. Isso porque permite que os clientes façam o pagamento de maneira fácil e rápida, sem precisar acessar o aplicativo do banco a cada compra. 

Essa solução também ajuda na redução de fraudes, tanto para empresas, quanto para o consumidor, afinal exige a confirmação de identidade, aumentando assim a segurança das transações. 

Já do ponto de vista do consumidor, a jornada com o Pix por biometria é mais conveniente e melhora a experiência de compra. Traz, ainda, mais acessibilidade e inclusão para as pessoas que não possuem cartão de crédito, democratizando o acesso a serviços financeiros, por exemplo, empréstimos.

Além disso, traz mais controle financeiro sobre os gastos, já que as transações são feitas diretamente da sua conta bancária e não há risco de endividamento ou juros altos associados ao uso de cartões de crédito. 

Seja para negócios ou para o usuário final, o avanço do Pix via Open Finance é uma solução poderosa para promover eficiência e inclusão financeira, principalmente para aqueles que tradicionalmente não teriam acesso a crédito. 

Futuro e desafios

Para que comércios e empresas possam oferecer a JSR para os seus clientes, é preciso que um Iniciador de Transação de Pagamentos (ITP) participe do processo. Já existem diversas empresas no mercado brasileiro que oferecem esse tipo de serviço e algumas delas são reguladas pelo Banco Central (BC).

Essas ITPs fazem a integração do Pix e oferecem uma experiência simplificada para os usuários. Porém, fazem muito mais do que isso. Elas ajudam na abertura do mercado para empresas não bancárias que oferecem serviços de pagamento, assim como apoiam o aumento da oferta de soluções de pagamento personalizadas e integram diferentes serviços financeiros de forma mais ágil. 

Mas qual é o impacto disso no usuário final? Com a promoção da inovação e competição no setor financeiro, isso desafia bancos tradicionais a melhorarem os seus serviços e reduzir custos. 

O usuário também tem mais autonomia e controle, já que centraliza o seu controle financeiro. Isso permite, então, que os pagamentos ocorram a partir de qualquer instituição financeira que tenha conta, sem precisar navegar por diversas plataformas. 

Vale lembrar que isso só acontece após o usuário consentir com o uso da ITP, o que garante que ele mantenha o controle sobre seus dados e transações realizadas. As ITPs reguladas seguem protocolos rigorosos de autenticação e proteção de dados, conforme exigido pelo BC, para garantir a segurança das transações. 

As ITPs desempenham um papel essencial no futuro dos pagamentos via Pix, para a criação de um ecossistema financeiro mais robusto e interconectado. Ao se integrarem a outros serviços financeiros, como crédito, investimentos e planejamento financeiro, as ITPs ampliarão a oferta de produtos e soluções personalizadas para os consumidores.

Dessa forma, os iniciadores de pagamento facilitam o acesso a um leque mais diversificado de opções financeiras. Isso não só estimula a inovação, como também democratiza o acesso a serviços financeiros mais justos e transparentes para toda a população.

*Gerente-geral da Belvo no Brasil