Opinião

Quais são as novas tecnologias e tendências que estão mudando o mercado B2B? Bruna Cataldo/Propague

Bruna Cataldo*

Com o crescimento da digitalização, o varejo está se movimentando cada vez mais em direção ao e-commerce. Este avanço na tecnologia ocorreu antes de 2020, mas, com a pandemia, as tendências relacionadas à digitalização no varejo aceleraram exponencialmente. No Brasil, o faturamento cresceu 785% nos cinco primeiros meses de 2022 em comparação ao período anterior às restrições sociais. Devido a este cenário, as oportunidades para o mercado B2B também vêm crescendo.

A corrida ao digital envolve uma demanda específica por modelos de varejo inteligente, 93% das empresas presentes no mercado já investiram e/ou pretendem continuar investindo fortemente em análise de dados para desenvolver inteligência de venda que torne a tomada de decisão do negócio mais segura, responsável, ágil e eficiente. O modelo, mais conhecido como “Varejo 4.0”, tem como característica fundamental a busca por atendimento personalizado e com foco total no cliente, resultando em forte demanda por infraestruturas modernas. Empresas do mercado B2B que desejam se diferenciar estão focando justamente em desenvolvê-las, por meio de tecnologias inovadoras.

Já podemos notar a tendência de crescimento do mercado B2B em meio a demanda do varejo (e outros setores também). O mercado europeu de fintechs B2B, por exemplo, recebeu mais investimentos que o de B2C em 2022, ultrapassando a marca de USD 18 bilhões, com o B2C tendo ficado próximo dos USD 7 bilhões.

Mas quais tecnologias estão possibilitando essa virada de chave e como exatamente o mercado B2B pode atender a crescente demanda do varejo digital? Alguns dos destaques em termos de tecnologia já são conhecidos e frequentemente mencionados nos textos sobre transformação digital: inteligência artificial e machine learning, internet das coisas e realidade virtual. O interessante está em quais áreas de atuação e como elas podem ser aplicadas. Nesse sentido, os destaques são:

●      Transações comerciais e serviços que facilitem a venda de produtos, sejam eles em sites próprios ou em marketplaces;

●      Serviços financeiros, principalmente na oferta de aplicações white label com o crescimento do embedded finance e do mercado de banking e payment as a service;

●      Ferramentas de gestão focadas no apoio em tomadas de decisão baseadas em inteligência de dados

●      Soluções logísticas, como as de armazenamento dos produtos, que buscam diminuir custos fixos e tempo de entrega, além de aumentar capilaridade e alcance regional, impactando a eficiência de circulação e retorno de mercadorias.

Com relação às aplicações, cabe destacar a atuação de fintechs B2B que já oferecem aos seus clientes soluções que usam IA generativa para otimizar tarefas operacionais na experiência do usuário, triagem de problemas e combate à fraude. Também existem projetos em andamento para criar produtos de “concierges financeiros digitais” que automatizam pagamento de contas, envio de remessas e contestação de cobranças, e soluções plug and play focadas em acelerar a personalização das análises de dados e geração de relatórios que informem tomadas de decisão. No caso das soluções de logística, houve registro de reduções de tempo de entrega de aproximadamente 5 para 3 dias com as aplicações de soluções tecnológicas vindas do mercado B2B.

Um nicho específico que está sendo colocado no holofote como grande oportunidade no mercado B2B é o de Embedded Finance, que tem alavancado sua atuação por meio de inovações em hardware ligadas à Internet das coisas. O banking as a service (BaaS), especificamente, tem previsão de ter crescimento anual (CAGR) de 17,1% entre até 2030 e o varejo aparece justamente como o principal setor demandando tais serviços na América Latina.

As aplicações têm chamado atenção justamente por conseguirem atender as demandas do setor varejista, que no momento estão concentradas na transição para o digital e, enquanto tal movimento estiver em andamento, a janela de oportunidade para o mercado B2B seguirá aberta. Faz sentido que o mercado B2B acompanhe de perto, tanto os desenvolvimentos tecnológicos quanto o comportamento do mercado varejista, e em especial as demandas relacionadas a pagamentos e banking, em que há grande espaço para inovação e adesão aos produtos White Label oferecidos.

*Head de Pesquisa do Instituto Propague e colunista do Portal Fintechs Brasil