EVENTO

Segundo encontro da Women Leaders In Fintechs debate o poder da educação para a diversidade

No segundo encontro promovido pela WLF – Women Leaders In Fintechs, realizado no dia 17 de agosto, o tema escolhido foi “Vamos falar de ESG? Educar para transformar na Diversidade”, muito em linha com a missão do movimento que busca construir uma comunidade de lideranças femininas nas startups financeiras, fortalecendo e ampliando a participação das mulheres nesse ecossistema.  

Realizado na sede do Ifood, empresa que também é apoiadora da WLF, o evento contou com a participação de mais de 80 pessoas presencialmente, além de outras tantas remotamente, que acompanharam atentamente os relevantes tópicos debatidos.

A novidade do evento foi a participação dos homens, pois a iniciativa entende que essa luta é da sociedade civil como um todo, necessitando de atuações conjuntas, visto que, apesar da maior parte da população brasileira ser formada por mulheres, os cargos de liderança e a criação das políticas públicas ainda estão nas mãos dos homens.  

Por esse motivo, o evento contou com as boas vindas de Diego Barreto, Vice-Presidente de Finanças e Estratégia, e Angélica Vasconcelos de Sá, Diretora de Equidade, ambos representando o iFood, que reiteraram a prioridade do tema para a empresa, ressaltando a meta do iFood em ter 30% de lideranças negras e 40% de pessoas negras em seu quadro funcional. Na sequência, tivemos um painel mediado pela co-founder Adriana Glück Camargo, que contou com a participação de Andrea Cruz (CEO da serh1 Consultoria) , Luci Ferreira (CEO e Fundadora da Assessorlux, consultoria de Diversidade, Equidade e Inclusão) e Alexandre Kiyohara (Head der Diversidade e Inclusão da B3).  

Em sua fala, Andrea Cruz ressaltou a importância não só da educação como vetor de mudança, mas também do incentivo à produção literária dos grupos minoritários, originados de núcleos de pesquisa sobre o tema, reforçando o senso de que em comunidade conseguimos ter maior força e alcance das pautas.   

Na sequência, Luci Ferreira trouxe outro ponto sensível no mercado atual: questão do etarismo e convivência de gerações no ambiente profissional, ainda como mais uma faceta do debate afeto à diversidade. Nas palavras dela: “Baby boomers eram idealistas e obedientes (é a turma do: será que falo?), que são os pais da geração X (falam o que querem), seguidos dos Millennials (falam o que querem e se organizam pra mudar), e a geração Z (ativistas da internet nem falam ou perguntam simplesmente fazem e influenciam). Existe uma relação entre as gerações que precisa ter o medo e a culpa afastados para funcionar, caso contrário, o conflito será inivitável”.

Luci também abordou o papel essencial da criação de políticas públicas que promovam a diversidade, equidade e inclusão e a aliança que deve ser formada com os homens para alcançarmos resultados positivos e duradouros.  

Já Alexandre Kiyohara  ao mesmo tempo que nos trouxe uma visão mais otimista de como as coisas evoluíram, quando comparamos o pouco avanço que tivemos durante vários anos, nos escancarou a necessidade de avançarmos no acolhimento das minorias em posições estratégicas e do papel fundamental das lideranças nesse processo. Segundo ele, o espaço corporativo não era inclusivo para mulheres e LGBTIQA+. Assim como nas nossas casas devemos abrir as portas, senão as pessoas não vão entrar, no setor corporativo muitas vezes a jornada é solitária e as portas precisam ser abertas… A chave que deve virar na liderança é não repulsar o seu privilégio mas usá-lo a favor daqueles que precisam: o papel da liderança é instigar a mudança de processo”  

Por fim, subiu ao palco Frederico Marques (Professor da Fundação Dom Cabral e PUC-MG) que nos brindou com uma palestra provocativa sobre ESG, com foco na questão de governança e diversidade. Afinal, nas próprias palavras do palestrante “a diversidade é riqueza; e ouvir para falar é diferente de ouvir para aprender”. Ainda, ele trouxe um valor essencial da WLF, o poder do aliado: “Todos podem ser aliados, pois o privilégio é interseccional – mulheres brancas podem ser aliadas das pessoas não brancas, homens podem ser aliados das mulheres, pessoas cis podem ser aliadas dos membros da comunidade LGBTIQA+, pessoas sem deficiência podem ser aliadas das pessoas com deficiência, pessoas economicamente privilegiadas podem ser aliadas das pessoas que não são e assim por diante.”[1]  

Para a WLF, o evento foi importante não só por trazer os números sobre a diversidade e falta de representatividade nas empresas – em especial nos níveis hierárquicos superiores -, mas também por apresentar as iniciativas que estão sendo feitas para mudar essa realidade, tanto nos níveis de políticas públicas como de iniciativas privadas, mantendo sempre o alerta para a necessidade de cada vez maior participação da sociedade como vetor que impulsiona essas mudanças.  

Dayana Uhdre, Adriana Glück Camargo e Kaliane Abreu      


[1] Livro Diversidade: o poder da inclusão da autora Sheree Atcheson.