Tendências para promover a inclusão financeira na América Latina

A atual infraestrutura tecnológica é uma barreira para a inclusão financeira da população na América Latina, escreve Hernán Corral, da Pomelo

Por Hernán Corral*, exclusivo para o Finsiders
A atual infraestrutura tecnológica tem sido uma barreira para a inclusão financeira da população na América Latina. A obsolescência das soluções tradicionais dificulta o fluxo de dinheiro e limita o acesso a serviços financeiros avançados e a novas formas de pagamento para milhões de pessoas. No marco deste grande desafio, nos últimos anos nasceram novos players que, por meio de inovações, procuram gerar um intercâmbio de dinheiro muito mais rápido e flexível.

A utilização de serviços financeiros que não são operados por bancos tradicionais já é cada vez mais comum. Isso se deve especialmente à flexibilidade que as novas tecnologias e a inovação oferecem hoje em dia – fatores que devem se desenvolver ainda mais. Assim, quais serão as próximas tendências mais relevantes para melhorar a inclusão financeira?

Regulamentação moderna

Com a chegada de novos players ao mercado, nascem regulações para acompanhar as propostas. Com o intuito de proteger os consumidores e zelar pela estabilidade do sistema financeiro, regras mais modernas foram pensadas para que os novos serviços financeiros permitam a chegada de outras iniciativas ao setor, com soluções inovadoras que facilitem sua integração. Sem dúvida, essa é uma tendência que vai seguir crescendo e evoluindo junto do mercado e suas necessidades.

Hernan Corra, cofundador da Pomelo. Foto: Divulgação
Hernan Corra, cofundador da Pomelo. Foto: Divulgação
Pagamentos instantâneos

Outra tendência em destaque neste ano será o pagamento direto, com liquidez imediata para as empresas. Os Bancos Centrais de vários países da região estão começando a viabilizar a possibilidade de pagamento imediato da conta bancária de uma pessoa para a de um comerciante, na maioria das vezes por meio de um QR Code. A exemplo do Pix, no Brasil, que já gera mais transações do que os cartões de débito. Na Argentina, esse crescimento também é muito promissor. Esses novos sistemas de pagamento vieram para criar alternativas ao processo existente desenvolvido pela Visa e Mastercard, principalmente.

Cross-border

Devido à instabilidade econômica no mundo e principalmente na América Latina, com altas taxas de inflação nas moedas locais, muitas pessoas e empresas buscam refúgio em moedas como o dólar. Assim nasceu a tendência de abrir contas bancárias em outros países, como os Estados Unidos, e a necessidade de movimentar o dinheiro de forma mais rápida e fácil nessas transações. Hoje, a transferência internacional de valores pode ser demorada e cara, tornando o processo inacessível para muitas pessoas.

Por sua vez, as stablecoins, criptomoedas lastreadas em uma moeda forte, também poderão se tornar muito atrativas: elas podem simplificar a movimentação de dinheiro de um país para outro. Na Argentina, o uso de criptoativos para proteger patrimônio é cada vez mais comum. Com o aumento de empresas oferecendo carteiras cripto, ficou mais rápido e fácil realizar esse tipo de conversão. O próximo passo será a inclusão desses ativos no dia a dia da sociedade, com pagamentos via cripto, por exemplo.

Consolidação das fintechs

Vivemos em uma região com economia flutuante e incerta, cenário que sem dúvida dificulta a possibilidade de poupar e investir. Nesse contexto, o setor de fintechs, com seu modelo de negócios ágil e escalável, que permite enfrentar mudanças constantes, consegue resolver os problemas cotidianos de uma sociedade que exige soluções novas e eficazes.

A América Latina tem uma indústria com grande potencial e, com as tecnologias em desenvolvimento, o cenário é promissor. Com mais usuários, transações e investimentos, as inovações devem liderar a inclusão financeira de 450 milhões de pessoas desbancarizadas na região.

*Hernán Corral é cofundador da Pomelo, empresa latinoamericana de tecnologia financeira.

As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.

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