Drex | Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Drex | Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Banco Central (BC) decidiu desligar, na próxima segunda-feira (10/11), a plataforma Drex, e iniciar o desenvolvimento de uma nova infraestrutura. Após quatro anos de testes, a autoridade monetária concluiu que o sistema baseado na blockchain Hyperledger Besu não atendeu aos requisitos de privacidade e segurança necessários para operações financeiras. As informações são do portal parceiro Blocknews.

De acordo com o site, a decisão foi comunicada a empresas que participaram dos pilotos do projeto, em reunião nesta terça-feira (4/11) conduzida pela área de Tecnologia da Informação (TI) do BC. Diferentemente de etapas anteriores, a equipe de negócios — que esteve fortemente envolvida com o Drex — não participou dessa conversa. Em agosto passado, o BC já tinha informado que desistiria de blockchain na Fase 3 do piloto para amadurecer a tecnologia.

Mudança de rota

O movimento marca uma inflexão importante em um dos principais projetos lançados durante a gestão de Roberto Campos Neto à frente da presidência do BC. O Drex era visto como peça-chave na agenda de inovação financeira da autarquia, que também deu origem ao Pix e ao Open Finance. No entanto, a iniciativa do Drex vinha perdendo espaço com Gabriel Galípolo no comando do BC, conforme reportou recentemente o Broadcast, agência de notícias do Grupo Estado.

Atualmente vice-chairman do Nubank, Campos Neto seguiu comentando sobre o Drex em suas últimas declarações públicas. Na sexta-feira (31/10), em evento do Lide, defendeu que o projeto não deveria se limitar a “gravames”, apontando para Fábio Araújo, coordenador do Drex no BC, também presente no evento. “O projeto não pode se limitar a um projeto de gravames. A gente está tentando trabalhar numa solução. Tentando ajudar o Banco Central numa solução tecnológica. É muito importante”, disse Campos Neto.

De acordo com a reportagem do Blocknews, o BC pretende agora “começar do zero”, mas primeiro buscando casos de uso para depois seguir para a definição de infraestrutura. Esses casos envolveriam, por exemplo, Open Finance, Pix e investimentos, afirmou um dos participantes ao site de notícias.

Algumas empresas indicaram que continuarão investindo na tokenização, com base nos aprendizados do projeto, ainda que sem depender de uma plataforma de liquidação como o Drex. Outras, porém, decidiram “colocar o pé no freio” e direcionar recursos para outras frentes tecnológicas, como Inteligência Artificial (IA), informou o Blocknews.

Histórico

O BC apresentou oficialmente o Drex em agosto de 2023 como a versão digital do real — a chamada Central Bank Digital Currency (CBDC). O nome, que substituiu o termo “Real Digital”, foi escolhido para refletir modernidade e conexão tecnológica. Segundo o BC informou na ocasião, as letras “d” e “r” fazem referência ao Real Digital; o “e” remete ao eletrônico; e o “x” simboliza inovação e conectividade.

Em seu lançamento, a autoridade monetária destacou que o Drex buscava representar a evolução do real físico para o ambiente digital. O conceito visual, com setas no “d” e cores em transição do azul ao verde claro, fazia alusão à agilidade e à conclusão de transações. A expectativa era de lançamento o público até o fim de 2024, prometendo ampliar a eficiência e a inclusão financeira no País.

Ainda em 2023, o BC deu início à fase piloto do Drex, que buscava testar a viabilidade técnica e regulatória da moeda digital. Naquele momento, a autarquia reconheceu que o projeto ainda não apresentava a maturidade necessária para sustentar um sistema financeiro digital robusto.

No ano seguinte, em 2024, o BC avançou para a segunda etapa do piloto, voltada ao desenvolvimento de mecanismos de privacidade e à experimentação de casos de uso concretos. Entre os objetivos estava a tokenização de ativos — como títulos públicos —, o que permitiria realizar transações diretamente na rede do Drex.

O Finsiders Brasil procurou o BC para mais informações sobre o Drex e não recebeu retorno até a publicação desta notícia.

*Com informações do Blocknews