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Em três anos, uso do Pix dispara, mas débito e crédito também crescem

Pesquisa do Banco Central (BC) mostra que sistema de transações instantâneas superou dinheiro como meio de pagamento mais usado pelos brasileiros

Pagamentos e transferências
Pagamentos e transferências | Imagem: Adobe Photoshop

Unanimidade nacional, o Pix superou o dinheiro como meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros. Apesar do sucesso do sistema de transações instantâneas, modalidades como cartões de débito e crédito, débito automático e outras transferências eletrônicas também cresceram de 2021 para cá. Os dados são da nova edição da pesquisa “O brasileiro e sua relação com o dinheiro“, divulgada nesta quarta-feira (4/12) pelo Banco Central (BC).

De acordo com o levantamento, o Pix é utilizado por 76,4% da população, seguido por cartão de débito (69,1%), dinheiro (68,9%) e cartão de crédito (51,6%). Na comparação com a edição anterior, realizada em 2021, o avanço do Pix foi de pouco mais de 30 pontos percentuais (pp), a maior expansão entre os métodos de pagamento nesse período. O dinheiro em espécie, por sua vez, recuou quase 15 pp.

Em entrevista coletiva, Rodrigo Alves Teixeira, diretor de Administração do BC, disse que o regulador utiliza a pesquisa – feita desde 2005 – principalmente para planejar a emissão de moedas ou a substituição de notas antigas por novas, por exemplo. “O BC não tem metas sobre como a população vai usar dinheiro. É claro que, por conta do avanço da agenda digital com o Pix, trabalhamos para que as pessoas usem mais esses meios de pagamento”, afirmou.

Novos hábitos

É interessante observar a mudança dos hábitos da população ao longo dos anos. Em 2018 – ou seja, na era pré-Pix -, o dinheiro reinava absoluto como principal forma de pagamento (96%), à frente do cartão de débito (52%) e crédito (46%). Três anos depois, quando o Pix havia sido recém-lançado, o dinheiro já começou a perder participação, caindo para 83,6%.

A tendência é que o sistema de pagamento instantâneo siga roubando espaço de outros instrumentos, especialmente do dinheiro em papel ou moeda. De acordo com a pesquisa, mais da metade dos brasileiros (ou 53,4%) acreditam que deixarão de pagar com dinheiro daqui a cinco anos. E outros 31,6% indicam que até deverão utilizar o dinheiro, mas em menor frequência.

Fonte: Banco Central

Atualmente, apenas 22% dos entrevistados recorrem ao dinheiro com maior frequência. Para se ter uma ideia, em 2018, esse percentual era de 60,2%. Hoje, o Pix já é o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros mais frequentemente, sendo mencionado por 46,1% dos entrevistados. Três anos atrás, menos de 17% optavam pelo serviço.

Mesmo com a predileção das pessoas pelo Pix, o cartão de crédito é a forma de pagamento usada com maior frequência nos comércios (42% do total), conforme a visão dos caixas desses estabelecimentos. Já o Pix aparece com 25,7%, enquanto 24% citam o cartão de débito. Os quatro principais instrumentos (dinheiro, cartões de débito e crédito, e Pix) têm patamares elevados de aceitação – próximos a 100%.

“É papel do BC tornar disponíveis os meios de pagamento mais variados possíveis, e a população escolhe de acordo com a conveniência”, disse Antonio Medina, chefe do Departamento do Meio Circulante (Mecir) do BC.

Renda e faixa etária

Conforme a pesquisa, o uso do dinheiro físico é maior entre as pessoas com 60 anos ou mais (72,2%), enquanto esse percentual cai para 64,2% entre aqueles que têm entre 25 e 34 anos e para 68,6% no caso de quem possui de 16 a 24 anos.

Com o Pix, o comportamento é inverso: 87% das pessoas dessa primeira faixa etária costumam usar o instrumento, ao passo que menos de 44% da população 60+ recorrem ao pagamento instantâneo.

O uso do Pix é observado, em maior proporção, entre aqueles que têm maior renda. Por exemplo, quase 92% das pessoas que recebem mais de 10 salários mínimos utilizam o serviço. Entre os indivíduos que ganham até dois salários mínimos, esse percentual cai para 67,8%. Já o dinheiro predomina entre os brasileiros de baixa renda: 75% entre as pessoas que recebem até dois mínimos e 69% entre os que ganham entre dois e cinco salários.

A pesquisa ouviu 2 mil pessoas no período entre 28/5 e 1/7/2024, sendo que 1 mil compõem o público específico de caixas de estabelecimentos comerciais. O universo incluiu todas as capitais brasileiras, com exceção de Porto Alegre (que enfrentava fortes chuvas na época), além de uma amostra de cidades com mais de 100 mil habitantes. O nível de confiança da pesquisa é de 95%, enquanto a margem de erro é de 3,1%.