NEGÓCIOS

Muito além do delivery: iFood está virando uma empresa de pagamentos

Com a "maquinona" de cartões, as vendas dos restaurantes parceiros que a utilizam aumentaram 7%

Diego Barreto/iFood
Diego Barreto/iFood | Imagem: Léa De Luca

Desde que anunciou o lançamento do iFood Pago, em junho, a empresa assumiu que caminha para se consolidar como uma plataforma de pagamentos, além de um serviço de delivery. Nesta quarta-feira (6/11) durante evento na Casa Adyen, em São Paulo, o CEO do iFood, Diego Barreto, reafirmou o posicionamento. “Nossa missão vai além de ser uma plataforma digital. Queremos promover a inclusão financeira e tecnológica de pequenos empreendedores no Brasil”.

O CEO revelou que hoje 25% dos pedidos no iFood já não passam pelo aplicativo. “Eles acontecem diretamente no salão dos restaurantes, usando nossa infraestrutura de pagamentos”. Um dos responsáveis por esse crescimento é a “maquinona”, nome dado pelo iFood a sua maquininha de cartões desenvolvida com a tecnologia da Adyen. Desde que foi lançada, há seis meses, as vendas dos restaurantes parceiros que a utilizam aumentaram 7%.

Segundo Diego, o dispositivo permite, por exemplo, a identificação dos padrões de consumo dos clientes em restaurantes, cruzando dados de localização e frequência de pedidos. “Com a ‘maquinona’, o restaurante consegue saber, por exemplo, que o cliente frequenta o estabelecimento fisicamente, mas não faz pedidos pelo aplicativo. Isso gera uma oportunidade para o restaurante personalizar ofertas e atrair ainda mais a fidelidade desse cliente”, explicou.

Soluções de pagamento

O iFood movimenta anualmente cerca de R$ 75 bilhões e processa mais de 100 milhões de pedidos por mês. Com esses números, a empresa tem conseguido acumular dados relevantes sobre o comportamento de consumo dos usuários, o que abre margem para a criação de soluções financeiras adaptadas ao perfil de seus clientes e parceiros comerciais.

A empresa desenvolveu essa tecnologia específica após entender que o mercado de pagamentos não oferecia uma solução semelhante para pequenos e médios negócios. “Foram muitos testes até encontrarmos uma fórmula que funcionasse bem para nossos parceiros. A primeira tentativa de introduzir um sistema de pagamentos falhou em 2019, porque não tínhamos algo que realmente diferenciasse nossa solução das já disponíveis no mercado”, disse o CEO.

A plataforma também oferece serviços como crédito, algo que antes era um desafio para muitos pequenos empresários do setor de alimentação. A concessão de crédito ocorre com base no histórico de transações e dados captados pela plataforma, possibilitando que restaurantes sem histórico bancário sólido consigam acessar capital de giro de forma mais acessível. “Com nossa infraestrutura, conseguimos dar aos pequenos empreendedores acesso a crédito com menos burocracia e com uma taxa de juros que faz sentido para a realidade deles”.

Inclusão

Para ele, o avanço do iFood na área de pagamentos reflete uma necessidade real de reduzir a burocracia e ampliar as oportunidades para quem quer empreender no País. “A gente vive em um país onde muitos pequenos negócios ainda enfrentam barreiras para crescer e se estabilizar, seja por falta de acesso a capital ou por dificuldades para competir no mercado”, disse, enfatizando a importância de um ecossistema mais inclusivo.

Para Diego, a inclusão de tecnologias de pagamento e a oferta de crédito são partes fundamentais dessa estratégia. O CEO destacou ainda que o sucesso da empresa é resultado de uma cultura organizacional que valoriza a inovação e a tomada de decisões ousadas. “No iFood, a cultura de inovação não é negociável. A gente acredita que só se mantendo fiel a essa cultura é que conseguimos crescer e fazer a diferença no mercado.”