BIOMETRIA

Nova jornada no Open Finance pode mudar o 'status quo', diz BC

Para Mardilson Queiroz, nova trilha de pagamentos é parte da materialização do compartilhamento de serviços no ecossistema

Mardilson Queiroz/BC
Mardilson Queiroz/BC | Imagem: Danylo Martins

A criação da Jornada Sem Redirecionamento (JSR) no Open Finance tem potencial para mexer com o status quo no setor financeiro, impactando diversos modelos de negócios. A avaliação é de Mardilson Fernandes Queiroz, consultor do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor) do Banco Central (BC). Ele abriu um evento nesta quinta-feira (20/2) sobre Pix por Biometria, realizado pela Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento (Init) e pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) no Finnet Domo, em São Paulo.

Sem especificar quais seriam os principais modelos em xeque com a chegada da JSR, Mardilson disse que essa nova trilha de pagamentos é parte da materialização do compartilhamento de serviços no Open Finance brasileiro, considerado um case mundial. “Estamos trocando algumas rodas por turbinas. Quem não consegue migrar da roda para a turbina pode ser que se sinta prejudicado. Mas essa é uma visão míope. O mercado como um todo já percebeu que é questão de tempo de fazer as coisas acontecerem e estar envolvido com tudo isso”, afirmou o porta-voz do BC.

Mecanismo que viabilizará o Pix por biometria e o Pix por Aproximação, a JSR permite realizar pagamentos sem que o usuário precise entrar no aplicativo da sua instituição financeira. Num e-commerce, por exemplo, será possível salvar os dados da conta bancária para pagar por Pix com um clique. Já no comércio físico, esse novo fluxo possibilitará o pagamento por aproximação via Pix. Hoje, essa modalidade – que roda com a tecnologia NFC – está disponível apenas para cartões e outros dispositivos (smartphones, relógios, pulseiras etc.)

Go live

Também presente no evento, Matheus Rauber, assessor sênior do departamento de Regulação do BC, contou que o piloto da JSR foi bem-sucedido. Essa fase de testes começou em novembro último e termina na próxima semana. “Sexta-feira que vem [dia 28/2] será o go live da JSR. Percebemos uma evolução na qualidade [da jornada] do início do piloto até agora”, disse ele. “A JSR representa a consolidação de dois grandes projetos do BC, que são o Pix e o Open Finance.”

Desde novembro, conforme o Finsiders Brasil reportou, a implementação da JSR é obrigatória para as instituições detentoras de conta que respondem por 99% do total das transações de pagamento no Open Finance. Ao todo, são 13 players, incluindo grandes bancos e fintechs. No piloto, houve a participação de sete Iniciadores de Transação de Pagamento (ITPs): Belvo, Celcoin, Cumbuca, Google Pay, Iniciador, Lina e U4C.

A experiência de piloto, algo inédito para o lançamento de um produto no Open Finance, deve ser replicada para as próximas soluções previstas na agenda evolutiva do ecossistema, informou Matheus.

Mais pilotos

“Temos piloto previsto para o Pix Automático. E a portabilidade de crédito, que será lançada em dezembro, também contará com piloto prévio”, exemplificou. “Em breve, devemos publicar uma regulamentação a respeito dos pilotos de produtos no Open Finance”, comentou ao Finsiders Brasil.

Para Mardilson, o Open Finance no Brasil tem potencial para ser ainda maior do que já é. “Estamos só no começo. Agora, entramos num ponto de virada bom, que é justamente profissionalizar a estrutura de governança. Essa profissionalização é peça fundamental para esse foguete sair de órbita”, disse. O porta-voz do BC se refere à criação da estrutura definitiva de governança – até o ano passado, ela tinha um formato provisório.

Apesar do avanço do Open Finance no País, Mardilson apontou a performance do ecossistema como um dos principais desafios. Nesse sentido, o BC vem lançando mão de regras para reforçar o monitoramento e, assim, garantir a qualidade dos dados que estão sendo compartilhados entre as instituições.