Candidato a aposentar o débito automático, o futuro Pix Automático vai incluir uma nova categoria de usuários no sistema de pagamento instantâneo. Isso porque a modalidade permitirá a empresas de diferentes segmentos e portes cobrarem seus clientes de forma automática e recorrente. “O Pix Automático é o débito em conta e o pagamento de concessionárias para as massas”, definiu o CEO da Matera, Carlos Netto, conhecido no mercado como “TK”, em evento online realizado pela empresa de tecnologia nesta terça-feira (10/12).
Com previsão de lançamento em junho de 2025, o Pix Automático possibilitará cobranças recorrentes mediante autorização prévia do usuário pagador. As instruções de pagamento são sempre fornecidas pelo usuário recebedor, que deverá ser necessariamente uma pessoa jurídica. O novo serviço deve reduzir os custos em relação às operações de débito em conta, pois não depende de convênios bilaterais e utiliza a infraestrutura do arranjo Pix.
“Qualquer um vai poder cobrar – o condomínio, a escolinha de inglês, o clube do vinho etc. Vai acabar o que existe hoje e que não escala, de poucos bancos com poucas grandes empresas”, disse TK. “Por isso que eu falo que o Pix é a ‘internet das contas’, ele vem para simplificar a conectividade numa rede que liga tudo.”
Se o débito automático está ameaçado com a chegada do Pix Automático, TK também enxerga impacto para o boleto. O executivo compara essa situação com o movimento de migração dos CDs para o Spotify. “[O boleto] teve seu tempo, foi útil e bacana, mas acho que hoje não faz muito sentido ter as duas coisas”, afirmou TK.
Carlos Cêra, CEO e co-fundador da Superlógica, também vê potencial para o Pix Automático. Durante o evento, ele contou que a empresa, uma plataforma de gestão com serviços financeiros integrados para o mercado de condomínios, iniciou a jornada de pagamentos recorrentes em 2015, mas encontrou dificuldades no modelo tradicional do débito automático. “Tentamos até mesmo integrar pagamentos recorrentes com cartão de crédito, mas o ecossistema de cartões é muito complexo”, disse.
Além disso, como o prazo de recebimento dos cartões de crédito é de 30 dias, a maioria dos condomínios acaba não optando por essa modalidade, segundo Carlos. “Tem a questão do rateio de despesas nos condomínios. Então, esse tempo precisaria ser menor”, afirmou. “Com o Pix Automático, será mais simples. Estamos animados”, complementou.