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“Powered by AI”, Magie quer ser banco digital dentro do WhatsApp

Fintech chega ao mercado com aporte pré-seed da Canary e quer bater a marca de 10 mil usuários até o fim do ano

WhatsApp - Imagem: Anton/Pexels
WhatsApp - Imagem: Anton/Pexels

Enquanto diversos neobanks estão começando a empregar a inteligência artificial (IA) para adicionar recursos aos seus apps, a fintech Magie chega ao mercado com uma proposta diferente. A startup está lançando oficialmente o seu banco digital, que funciona dentro do WhatsApp, utilizando modelos de linguagem com IA.

Lançada como um serviço gratuito, a ferramenta é capaz de entender orientações e dados enviados por áudio, imagem, mensagens de texto encaminhadas e, com isso, executar transferências, agendamentos e pagamentos de contas (via boleto ou Pix), como uma assistente pessoal. Além de facilitar as transações, a tecnologia oferece suporte ao cliente em tempo real. Assim, responde a perguntas e fornece informações como contas a pagar e saldo.

Fundada pelo empreendedor Luiz Ramalho, fundador da Fingerprints (startup de arte NFT que em 2022 levantou rodada com a a16z), a startup já chega ao mercado com gente apostando nela. Antes mesmo do lançamento oficial, a Canary – fundo no qual Luiz Ramalho é partner – fez um aporte pré-seed de valor não divulgado.

Foco na alta renda

A solução está no ar desde o começo do ano, operando em um piloto fechado com clientes de alta renda e com maior frequência de uso em serviços bancários – e já transacionou, desde então, cerca de R$ 13 milhões com algumas centenas de clientes, conforme revelou o fundador e CEO ao site parceiro Startups.

Agora, com o lançamento oficial, o plano da startup é manter o foco no público de alta renda, que faz em média de quatro a cinco transações bancárias por dia. “Nosso produto tende a ser melhor aproveitado por este público. No futuro, pretendemos abrir para um público mais amplo, mas como agora funcionamos com lista de espera e convite, decidimos seguir desta forma”, explica Luiz.

Mesmo com o foco mais enxuto, o plano da Magie é escalar rápido até o fim do ano. “Nosso objetivo é chegar a 10 mil clientes ativos no curto prazo”, pontuou Luiz. No caso, segundo ele, esse curto prazo seria até o fim do ano, com estes 10 mil utilizando de forma intensiva a aplicação, tanto em contas PF quanto PJ.

Brasileiro early-adopter

Depois disso, segundo o fundador, será o momento de escalar e monetizar a plataforma, em uma estratégia semelhante a que o Nubank fez em seu início. “Começamos como uma conta corrente tradicional, mas no futuro o plano é adicionar outros produtos, como os de crédito”, explica.

Para escalar, a Magie confia no apetite do público brasileiro por inovações em serviços financeiros, algo que aumentou exponencialmente desde a pandemia e com o Pix, somado à presença massiva do público no WhatsApp — em 2023, por exemplo, o app atingiu 147 milhões de contas ativas no país.

“O Brasil é muito early-adopter de muitas tecnologias. Por ser uma aplicação bancária, existe uma barra mais alta em termos de confiança. Mas eu vejo que as pessoas se interessam e têm curiosidade. O Brasil tá numa posição meio privilegiada para fazer serviços como este”, afirma Luiz.

Facilidade e segurança

Por ser um banco diferente do convencional, funcionando 100% dentro do WhatsApp, a Magie investiu pesado em desenvolvimento em cima da plataforma de mensageria da Meta. “Pegamos o modelo de linguagem da OpenAI e fizemos as conexões no WhatsApp com desenvolvimento próprio, incluindo recursos do app que foram disponibilizados há pouco tempo”, explica Luiz.

Conforme o CEO, estas novas funcionalidades do WhatsApp foram o que permitiram tornar o Magie mais seguro, mesmo com a maior facilidade na hora de fazer cadastros ou efetuar transações. “Para isso, implementamos novos fluxos de app como a autenticação por senha dentro do app”, pontua o executivo.

Quanto à parte transacional, o neobank recorreu aos serviços de banking as a-service da Celcoin para garantir a infraestrutura. De acordo com Luiz, isso permite à Magie focar no que realmente interessa, ou seja, a experiência de uso e integrações com LLMs para criar uma experiência diferenciada.

“Nossa ideia é utilizar IA para levar um serviço de private banking, algo que só está disponível para os ultra-ricos, para uma parcela maior da população. A Magie, diferentemente de apps de banco, entende pedidos feitos com uma linguagem do cotidiano, como se os clientes estivessem falando com um amigo ou com seu gerente do banco” destaca Luiz.

Ainda falando sobre interface, a Magie pretende, no futuro, empregar seus diferenciais de usabilidade a favor de inovações como o Open Finance. “Com a evolução do Open Finance, nossa expectativa é que possamos nos conectar a todos os bancos, expandindo as funcionalidades do serviço para outras atividades financeiras”, finaliza o executivo.

*Conteúdo publicado originalmente no site parceiro Startups.