PAGAMENTOS

Novas funções no Open Finance e Pix são ‘potentes’ para empresas, diz Mercado Pago

Na última semana, entraram em vigor as transferências inteligentes; no fim de outubro, será lançado o Pix Automático

Pix
Pix | Imagem: Mohamed Hassan/Pixabay

As novas funcionalidades lançadas no âmbito do Open Finance e do Pix e as que ainda virão neste ano são “potentes” para empresas, além de melhorar a experiência das pessoas físicas. Essa é a visão do Mercado Pago, banco digital do Mercado Livre. Na última semana, por exemplo, entraram em vigor as transferências inteligentes. No fim de outubro, há a expectativa para o lançamento do Pix Automático

Parte da agenda evolutiva de pagamentos no Open Finance, as transferências inteligentes permitem automatizar a movimentação de recursos entre contas de mesma titularidade, sejam de pessoas físicas, sejam de empresas. Com uma autorização, é possível definir os limites e o período para que essas transferências ocorram. Os valores podem ser fixos ou variáveis. 

“Imagine uma empresa média ou grande que tem 50 contas em diferentes bancos, por exemplo. Poderia gerenciar o dinheiro num lugar só, dentro do ERP, e conciliando as transferências inteligentes. Isso tem um potencial gigantesco. Óbvio que isso depende da adapação de processos e sistemas internos, mas é algo que tende a ocorrer no médio prazo”, afirmou Felipe Soria, head de estratégia de negócios regulados do Mercado Pago, em encontro com jornalistas nesta semana.

O recurso de transferências inteligentes estreou no último dia 15 deste mês, mas ainda não é possível ver como o mecanismo funciona, na prática. Isso porque as instituições participantes do Open Finance têm um prazo para se adaptar, do ponto de vista de teconlogia, a receber esse tipo de operação. A janela vai até a próxima segunda-feira (29). A partir daí, é provável que comecem a aparecer as instituições ‘early-adopters’. 

O próprio Mercado Pago, que foi pioneiro em iniciação de pagamento, já declarou que deve lançar casos de uso nas próximas semanas. “Quando a gente não pode comentar, mas será em breve. Já está no forno”, disse Felipe, sem revelar detalhes. “A ideia será facilitar o entendimento do usuário. Estamos trabalhando para trazer algo contextualizado.”

Pix Automático

No caso do Pix Automático, a expectativa é que essa modalidade esteja disponível no dia 28 de outubro. A solução é a prioridade do Banco Central (BC) para a agenda evolutiva do Pix neste ano. O objetivo é simplificar pagamentos recorrentes, por exemplo, contas de consumo (água, luz, telefone etc.), mensalidades, assinaturas de streaming, entre outros casos. 

Para o usuário final, não haverá diferenças, mas tecnicamente é importante dizer que existirão dois “tipos” de Pix Automático. Um deles vai rodar no trilho do Pix, e pode ser chamado de Pix Automático “puro”. Já o outro terá seu funcionamento no ecossistema do Open Finance. Em ambos, os valores são definidos pelo recebedor (no caso, pessoas jurídicas) e podem ser fixos ou variáveis.

Fonte: Mercado Pago/Divulgação

No Pix Automático “puro”, o usuário pagador define os limites no banco ou fintech onde tem conta. Assim, poderá receber suas cobranças de contas de luz, água, telefone e assinaturas, por exemplo, via QR Code ou notificações no aplicativo da instituição financeira. Em outras palavras, o recurso tem potencial para “aposentar” o débito automático, que hoje depende de convênios firmados entre concessionárias de serviços públicos e bancos. Além disso, a liquidação do débito automático pode levar até dois dias, como acontece com boletos

Já no Pix Automático via Open Finance, os limites também são estabelecidos pelo usuário pagador, porém isso é definido por meio de uma instituição iniciadora de transações de pagamento (ITP). Os casos de uso mais prováveis são pagamentos de assinaturas e mensalidades que hoje costumam ser feitos com cartão de crédito. “Nem todo público tem cartão de crédito. Pode ser uma alternativa para esse público ter recorrências digitais”, afirmou Felipe.

Próximos “produtos”

Na evolução dos pagamentos por meio do Open Finance, há uma expectativa também para recursos como a jornada sem redirecionamento, cuja data prevista para entrar no ar é 30 de setembro. Na prática, esse mecanismo vai permitir que a a iniciação de pagamento ocorra sem que o usuário tenha que ser redirecionado para a outra instituição a cada transação que quiser realizar. Ou seja, o redirecionamento acontecerá apenas no primeiro pagamento.

E para o futuro, ainda sem um prazo específico, o mercado vislumbra os chamados pagamentos recorrentes variáveis (VRP, na sigla em inglês). Trata-se de uma nova etapa das transferências inteligentes, com a diferença de que elas poderão ser feitas para titularidades distintas. 

“Já existem muitos produtos que resolvem os problemas de grandes empresas. Quando vamos para pequenas e médias empresas, elas ainda têm muitos problemas a serem resolvidos. Precisam que a conciliação aconteça de forma mais fluída. Então, abre-se um potencial para atender esse segmento de PMEs, afirmou Patrícia Leal, diretora de inovação em pagamentos do Mercado Pago.