Um ano após obter o sinal verde do Banco Central (BC) para criar a sua Sociedade de Crédito Direto (SCD), a Sebraecred, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) resolveu voltar atrás. Conforme despacho publicado no Diário Oficial da União da última quinta-feira (26), a entidade teve a sua autorização cancelada pelo BC depois da dissolução da sociedade.
Ainda não estão claros os motivos para o recuo nesse projeto, cujo capital inicial era de R$ 600 milhões, indicando, assim, que a operação seria bastante relevante. Procurado pelo Finsiders, o Sebrae ainda não retornou à reportagem.
A fintech do Sebrae tinha como diretor-presidente Gilberto Occhi, ex-ministro de Dilma Rousseff e Michel Temer e ex-presidente da Caixa Econômica Federal. Outro diretor era Carlos Eduardo Sampaio Lofrano, que dirigiu o banco da antiga BM&FBovespa, atual B3.
No conselho de administração, estavam nomes como João Manoel de Pinho Mello, ex-diretor do BC, ex-secretário do Ministério da Fazenda e hoje sócio da gestora Opportunity; Bruno Quick Lourenço de Lima, diretor técnico do Sebrae; e José Caetano Minchillo, gerente de gestão de pessoas do Sebrae Nacional.
Mais contexto
Na prática, por meio de sua SCD, o Sebrae teria condições para entrar na concessão direta de crédito, utilizando recursos próprios. Seria uma mudança e tanto, já que até então a entidade atuava como avalista em operações de crédito para pequenos negócios por meio de diversas instituições financeiras.
No entanto, em novembro do ano passado, em entrevista à coluna Painel S.A., da Folha de S.Paulo, o então presidente do Sebrae, Carlos Melles, negou que a intenção da Sebraecred seria dar crédito diretamente. “Não é para emprestar dinheiro. Vamos atuar como garantidores de crédito”, afirmou o dirigente, que renunciou ao cargo em abril deste ano.
Em março, uma reportagem também do Painel S.A. mostrou que o PT queria barrar a criação do banco digital do Sebrae. Ao mesmo tempo, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscava trocar o comando da entidade por um nome mais alinhado ao governo. Isso acabou se concretizando um mês depois com a entrada de Décio Lima, ex-prefeito de Blumenau (SC) e ex-deputado federal pelo próprio PT, no lugar de Carlos Melles.
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